O governo de Minas e o Ministério da Justiça resolveram aumentar a participação da Polícia Militar na fiscalização de trechos de rodovias federais localizados em território mineiro. A partir desta segunda-feira, mais 300 quilômetros estarão sob a responsabilidade dos patrulheiros estaduais. Essa parceria começou há 21 anos, logo depois que Itamar Franco assumiu a Presidência da República. Hélio Garcia era o governador e, embora de partido diferente do presidente, não teve qualquer dificuldade em acertar um acordo com o governo federal para reforçar a segurança nas rodovias mineiras. Felizmente, algo parecido ocorre neste momento, em que temos no Planalto uma candidata à reeleição e, no governo de Minas, um aliado de Aécio Neves, provável concorrente de Dilma Rousseff à Presidência da República, no ano que vem. Antes mesmo de agosto do ano passado, quando se iniciou a greve da Polícia Rodoviária Federal em vários estados, sabia-se que seu efetivo era insuficiente para cuidar da segurança nas estradas. No dia 5 de julho, o Hoje em Dia alertou, neste espaço, que, para patrulhar 6.500 quilômetros de rodovias federais no estado, havia apenas 700 patrulheiros, dos quais 14% lotados no setor administrativo, cuidando de tarefas burocráticas. A situação se repetia no restante do país, a demonstrar como seria difícil, em curto ou médio prazo, o governo solucionar o problema da segurança nas rodovias. Sem fiscalização, carretas se sentiam liberadas para trafegar com excesso de peso, aumentando o risco de acidentes e os gastos com a manutenção das rodovias. Nas primeiras 15 horas de quinta-feira, dia em que o jornal publicou com destaque a parceria entre as policiais rodoviárias – e as famílias pegavam a estrada para o feriado da Semana Santa –, 12 pessoas morreram em acidentes envolvendo carros e carretas, nas BRs 040 e 262. Durante o Carnaval, morreram nas rodovias federais em Minas 29 pessoas e outras 310 ficaram feridas, em 434 acidentes. Uma carnificina. A maior presença de patrulheiros nas estradas, aliada às multas pesadas previstas pelo Código Nacional de Trânsito – e que foram reforçadas pela nova Lei Seca –, terá por certo grande efeito na redução dos acidentes. Pois, em boa parte, eles se devem à velocidade excessiva e a outras transgressões da lei pelos motoristas. Sem uma fiscalização efetiva, a tendência é aumentar o número de transgressões e, em consequência, de acidentes.