
Os casos de dengue em Belo Horizonte dispararam 84% nas primeiras sete semanas de 2023. Até o fim de fevereiro eram 218 registros, cem a mais que o mesmo período de 2022, segundo a prefeitura. Especialistas afirmam que o ano será epidêmico, com aumento da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A população pode ajudar a frear os números.
Para o professor do Departamento de Microbiologia da UFMG, Flávio da Fonseca, o salto das notificações era esperado para 2022 – os ciclos ocorrem a cada três anos –, mas foi adiado devido a fatores observados durante a pandemia da Covid-19.
Segundo o especialista, os anos epidêmicos tem relação com os quatro tipos de vírus da dengue. “Cada novo ciclo tem como característica principal que a população se renova. Além disso, temos quatro sorotipos da doença e, a cada ano, um dos tipos prevalece, e só se pega cada um deles uma vez. Depois de quatro anos o sorotipo dominante diminui e é substituído por outro”.
Além disso, o especialista lembra do alto índice de chuvas no início do ano. “Tivemos um período de acúmulo de água combinado com a abertura social, ou seja, as pessoas voltando a trabalhar fora de casa, significando menos cuidado com os criadouros. Esses fatores contribuíram para o aumento da população de mosquitos”, reforça Fonseca.
‘Esperança’
Na última quinta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de uma vacina para prevenir a dengue. O imunizante é indicado para a população de 4 a 60 anos.
Para o especialista da UFMG, o imunizante representa uma “esperança”, mas ainda é cedo.
“A gente tinha uma vacina só, mas com um uso muito limitado. O novo produto, com menos limitações, há um futuro promissor nisso. Mas temos que ver se o SUS vai adotar ou não. Essa vacina já passou por três fases de testes e foi aprovada. Isso mostra que ela é segura e eficaz”, comemora.
Sem previsão da vacina, Flávio da Fonseca lembra o papel da população como principal forma de combate a dengue. “É importante que cada um contribua, não deixando água parada. Olhe os pratinhos de planta, tampe a caixa d’água, limpe as calhas e elimine recipientes que possam acumular água e se tornar criadouro do Aedes aegypti”.
Risco alto
Em Minas, o último boletim indica mais de 13 mil casos, com quatro óbitos. Alémd isso, dados do primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Lira) mostraram que quase 40% (321) dos municípios mineiros estão em situação de ‘risco alto’ de dengue.
A Prefeitura de Belo Horizonte afirma que conta com cerca de 1,4 mil agentes de combate a endemias (ACEs). “Em 2023, até o momento, eles realizaram 240 mil visitas domiciliares. No ano passado foram feitas cerca de 4,5 milhões de visitas”.