Crescimento econômico do país depende das águas de março

Do Hoje em Dia
06/01/2013 às 07:17.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:19

O Brasil não deve ter neste ano um ritmo de crescimento econômico compatível com suas necessidades e nem ao menos alcançar o crescimento de 4% do Produto Interno Bruto esperado pela presidente Dilma Rousseff. Não haverá energia elétrica para isso, a não ser que chova excessivamente até março.

O governo não é o único responsável pelo retardo no crescimento do país. Ele tem feito sua parte para impulsionar a economia, inclusive gastando mais do que deveria, como ficou evidente na tentativa de mascarar o não cumprimento, no ano passado, da meta de superávit fiscal. A manobra contábil não passou despercebida e aumentou a desconfiança sobre o acerto dos dados que são divulgados ao país pelas autoridades.

Como acreditar, por exemplo, na afirmação do Operador Nacional do Sistema (ONS) publicada no sábado (5) por este jornal, de que apesar da estiagem que deixa o Lago de Furnas com muito menos água que deveria ter nesta época do ano, não haverá racionamento nem apagões? O maior lago mineiro está vazio em mais de 80% de sua capacidade, situação que se repete em outros reservatórios das usinas hidrelétricas em Minas e alhures.

A situação é tão grave, que desde novembro passado as usinas térmicas movidas a óleo combustível, carvão mineral e até com bagaço de cana-de-açúcar, estão operando a plena carga, para suprir a falta de energia mais barata produzida pelas hidrelétricas. Só em dezembro foram gastos R$ 900 milhões com o acionamento das usinas térmicas. Elas foram construídas na década passada para evitar apagões e, em situação normal, deveriam ficar inativas.

Para que a situação dos reservatórios volte ao normal até o fim de março, quando termina o período chuvoso na Região Sudeste, é preciso chover bem mais que a média desses meses. O governo acredita nisso, pois ainda não tomou qualquer medida para convencer o consumidor da necessidade de poupar energia nas residências e empresas. O governo gasta muito com publicidade para divulgar coisas sem maior interesse público, mas se mostra como que em estado catatônico ante a ameaça de apagões. São as tais falhas humanas referidas pela presidente Dilma, quando pediu que não se acreditasse que eles são provocados por raios.

E o brasileiro que acredita em tanta coisa, até mesmo na promessa de energia elétrica mais barata em 2013, vai se desiludir quando, passadas as águas de março, o gasto extra com as usinas térmicas começar a ser rateado nas contas de luz.

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