Governo nega interferência para salvar Cunha, denunciada pela oposição

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
08/06/2016 às 19:37.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:48
 (ANDRESSA ANHOLETE/AFP)

(ANDRESSA ANHOLETE/AFP)


A suposta interferência da Presidência da República, por meio do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, na condução do processo de afastamento do deputado Eduardo Cunha tem sido alardeada pela oposição. Uma reunião de Padilha com a presidência do PRB, no começo da semana, teria sido determinante para a ausência de Tia Eron (PRB-BA) na sessão da Comissão de Ética de terça-feira, que selaria o afastamento de Cunha. 

 “Uma interferência direta da Presidência da República é péssima para o Congresso Nacional. Cunha tem um grande número de deputados na Câmara, por isso Temer precisa salvá-lo para conseguir governar”, critica o deputado federal Leonardo Monteiro (PT-MG). O PRB é comandado pelo atual ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira. Com a ausência de Tia Eron na sessão de terça-feira, o voto seria feito pelo suplente na Comissão, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS). Mas a votação foi adiada e só deve ocorrer na semana que vem.

 “Na nossa avaliação é um acordo construído. Houve uma pressão muito forte do Cunha sobre o Temer. E agora, a não ida da deputada (Tia Eron) na terça diz muito”, avalia o deputado federal José Geraldo (PT-BA), integrante da Comissão.
Eliseu Padilha nega qualquer interferência. “A questão da limitação ou não da atuação do deputado Eduardo Cunha primeiro é uma questão do Legislativo, depois do poder Judiciário. Não teve absolutamente nada que ver com o poder Executivo”, disse, em entrevista coletiva em Brasília.

 A oposição avalia que somente com a prisão de Cunha, solicitada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal, poderá ser reduzida a interferência do deputado na condução da Casa. A possível interferência na Comissão de Ética pode ser vista como o segundo grande gesto de Temer a favor de Cunha. Antes disso, o deputado foi beneficiado pela indicação de André Moura (PSC-SE), seu aliado e membro da tropa de choque do baixo clero da Câmara, como líder do governo. Moura foi escolhido em detrimento de nomes do próprio PMDB, como Leonardo Quintão.

 A situação tem causado desconforto entre alguns parlamentares do PMDB, que têm evitado falar sobre o assunto. A preocupação é que a tentativa de salvar Cunha acabe por prejudicar a fragilizada imagem de Michel Temer.

Crivella e Russomano
Uma reviravolta no posicionamento do PRB, no entanto, é esperada para os próximos dias. Dois pré-candidatos do partido às eleições municipais, Celso Russomano (São Paulo) e Marcello Crivella (Rio de Janeiro) têm se sentido desconfortáveis em ter a imagem do partido associada à absolvição de Cunha e pressionam para que Tia Eron vote a favor da cassação no Conselho de Ética. Procurado pela reportagem, o PRB não se posicionou. 

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