Maturando nosso orgulho queijeiro

24/07/2016 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 19:58

Olá amigo da cozinha, 

Hoje venho lhe contar sobre a emoção por mim vivenciada numa experiência turística gastronômica no Território da Canastra em um fim de semana deste mês de julho.

Esta aventura me remeteu a algumas ocasiões em que estive buscando essas experiências fora do Brasil, que me deixaram marcas profundas, fazendo-me sentir a mesma alegria ao me deparar com situações análogas por aqui.

Na Europa, mais precisamente na região da Bourgonha, ao visitar uma pequena fazenda de produção de queijos de cabra, a cena da pequena camponesa francesa, extremamente preparada e orgulhosa de seu trabalho, nunca saiu de minha memória. 

Na pequena propriedade, com algumas poucas cabrinhas, algumas francesas e outras inglesas, a proprietária nos recebeu com uma mesa farta de queijos e subprodutos, mas não sem antes apresentar todo o processo de produção, desde a coleta do leite que, pelo cruzamento das raças, proporcionava sabores que diferenciavam seus queijos dos demais do país.

É o que afirmava, com orgulho, aquela linda senhora de bochechas rosadas e vestido branco rendado com chapeuzinho também branco. 

Até aí uma experiência sem maiores surpresas em se tratando de pequenos produtores franceses, porém, o orgulho ao exaltar as características locais e a alegria de vender para privilegiados comerciantes e consumidores da região chamou minha atenção pelo sentimento demonstrado em privilegiar a comunidade e, ao mesmo tempo, exaltar a importância no fantástico mundo dos queijos franceses. 

Esta mesma alegria senti recentemente ao visitar a Queijaria do Dinho, e ser recebido pelo produtor Alan no município de Piumhi, no subterritório da Canastra.

A percepção de apropriação de seu território, a consciência da importância da identidade local, e a elevada estima demonstrada por toda a família, a começar por ele, reverberada nas palavras da esposa Valéria e da filha de apenas 10 anos, me emocionaram e me fizeram reafirmar ainda mais a responsabilidade do nosso trabalho de valorização dos pequenos produtores no país e em Minas Gerais. 

Sua história, por si só, já traz um valor agregado ao seu produto maravilhoso. Mas, a humildade e perseverança demonstradas ao adotar os conselhos de dois chefs Edson Puiati e Flávio Trombino que o visitaram há dois anos numa viagem organizada pelo Sebrae-MG, transformou sua produção rudimentar numa grande referência em produção e maturação de queijos, revelando ainda mais atributos da Queijaria do Dinho que valem sempre a minha exaltação. 

Se um dia ele esteve prestes a levar a família para a cidade e desistir de tudo, hoje, Alan, orgulhoso e importante personagem do nosso segmento gastronômico e turístico, enche o peito de orgulho e os olhos d’água para dizer: “Hoje eu ponho o preço no meu produto, posso criar em melhores condições a minha família, principalmente aqui no campo, onde sempre queríamos viver”.

Agora, a família já pensa em construir uma pequena cozinha com instalações e conforto para receber grupos de turistas para degustação, e até para vivenciarem todo o processo de produção, assim como fazem os pequenos e orgulhosos fazendeiros da Bourgonha.

Se você quiser visitar amigo, é fácil, basta entrar no Google ou no Waze e digitar Queijaria do Dinho Piumhi MG. E não se esqueça de pedir um Super Canastra maturado por 9 meses.

Assista ao depoimento do Produtor Alan da Queijaria do Dinho:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por