‘Mensalão da bola’ faz parte do mundo do futebol

Alexandre Simões e Wallace Graciano - Hoje em Dia*
31/05/2015 às 08:01.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:17
 (MICHAEL BUHOLZER/AFP)

(MICHAEL BUHOLZER/AFP)

Joseph Blatter e Marco Polo del Nero sabem que o dinheiro arrecadado com os contratos milionários de patrocínio são fundamentais para se manterem nos cargos. Por isso, gerenciar a crise é uma urgência. O processo eleitoral nas duas entidades depende da força financeira, pois elas mantêm as partes pobres do sistema.   Como secretário-geral da Fifa, entre 1981 e 1998, Blatter transformou a entidade numa máquina de ganhar dinheiro. Como presidente, soube dividir com as federações nacionais os ganhos.   De 2011 a 2014, foram repartidos entre as 209 filiadas, que formam o colégio eleitoral, US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3 bilhões). Para federações de países pobres da África, Caribe e Ásia, essa é a maior fonte de receita.   No momento da eleição, elas têm o mesmo peso que as ricas Inglaterra, Alemanha e França.   No caso da CBF, o colégio eleitoral é menor, mas a entidade mantém a maioria ao seu lado na base do apoio financeiro, pois votam as 27 federações estaduais e os 20 clubes da Série A.   Em 2013, como parte da estratégia para fazer de Marco Polo del Nero seu sucessor, José Maria Marin dobrou a mesada às federações, que passou a ser de R$ 100 mil.   Além dos repasses financeiros, Fifa e CBF ainda dão aos eleitores mordomias bancadas pela expressiva arrecadação comercial.   Os congressos da Fifa são famosos pelos hotéis de luxo e recepções, sendo que muitas vezes o delegado tem o direito de levar acompanhante.   A CBF distribui entre presidentes de federações a chefia de delegação da Seleção nos jogos e torneios disputados no exterior, além de bancar viagens para congressos e eventos.   CONFRONTO   Dentro dessa realidade, a Uefa, que faz oposição a Blatter, tem poucas chances no processo eleitoral da Fifa com seus 53 votos.   Mas seus dirigentes seguem na ofensiva. no último sábado (30), o vice-presidente indicado pelos europeus, o inglês David Gill, pediu demissão do cargo e saiu atirando. Afirmou que com Blatter no poder é impossível um novo cenário para o mundo futebol.   A atitude irritou Blatter, que queria Gill ao seu lado na reunião no último sábado (30) do Comitê Executivo, que decidiu pela manutenção da fórmula de distribuição de vagas às Copas de 2018 e 2022.   Assim, a Conmebol manteve 4,5 vagas e a Concacaf, que pretendia ter 4, segue com 3,5. A maior fatia é da Europa, que tem 13. A África segue com 5, a Ásia com 4,5 e a Oceania com 0,5 (repescagem). O país sede tem uma.   Os quatro dias mais difíceis da história da Fifa terminaram no último sábado (30) com a Uefa prometendo para o próximo fim de semana uma reunião em que será discutida a sua posição com a reeleição de Blatter.   Algumas federações defendem um afastamento dos torneios da Fifa. Blatter vai precisar de muito mais que repasses e viagens para convencer os europeus.   

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