‘Boa Sorte’ é uma história sobre o primeiro amor

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia*
03/08/2014 às 09:29.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:38
 (Imagem/Divulgação)

(Imagem/Divulgação)

PAULÍNIA – Talvez Deborah Secco tenha pensado em nomes como Cameron Diaz (“Quero Ser John Malkovich”), Charlize Theron (“Monster – Desejo Assassino”), Halle Berry (“A Última Ceia”) ao aceitar o papel de Judite no filme “Boa Sorte”, de Carolina Jabor, exibido semana passada no 6º Paulínia Film Festival.   Todas elas saíram da condição de ser apenas uma ex-modelo se aventurando no cinema, presas à condição de um “rostinho bonito”, para ganhar o reconhecimento de seus pares e fugir das limitações que o estereótipo impõe valendo-se da transformação física, o que já levou muitos astros a emagrecerem, engordarem ou simplesmente ficarem feios.   Mas o que falta em “Boa Sorte” é fazer dessa mudança algo crível que não perdura mais do que cinco minutos na cabeça do espectador, que, passada a surpresa inicial, não verá mais um ator transformado e sim um complexo personagem que contribuirá decisivamente para a proposta narrativa do filme.   Não é culpa de Deborah – de corpo esquelético como uma portadora do vírus HIV que está internada numa clínica psiquiátrica – que esse objetivo não seja alcançado. O texto, baseado no conto “Frontal com Fanta”, do cineasta gaúcho Jorge Furtado, é cheio de inconsistências, calcados especialmente na frouxidão como alguns dos temas são apresentados.     Sedutora e perigosa   O filme nos remete primeiramente a “Garota, Interrompida” (1999), em que Angelina Jolie – ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por esse personagem – interpreta uma sedutora e perigosa paciente que ajuda Winona Ryder a deixar a sua redoma de pessoa solitária e incompreendida para conhecer um outro mundo, sem rótulos ou privações.   É mais ou menos a função que Judite exerce sobre João (João Pedro Zappa), um garoto que vive uma realidade à parte de sua família e que precisa ingerir um remédio tarja preta e misturá-lo com refrigerante para seguir vivendo até ser internado numa clínica. Ao conhecer Judite, ele logo é envolvido por sua personalidade forte e libertária.   Os pequenos golpes (roubos de remédio e corrupção dos enfermeiros) acabam explicitando um novo olhar, de dentro para fora, em torno de famílias fragmentadas e antidepressivos receitados como fuga da dura realidade. Esse mote sustenta a primeira metade de “Boa Sorte”, que tropeça ao abrir espaço para outro filão: o drama de passagem.     ‘O papel mais importante da minha vida’   Deborah Secco não era a primeira escolha para o papel de Judite, mas ela não sossegou enquanto não conseguiu convencer a diretora de “Boa Sorte”, Carolina Jabor, de que poderia interpretá-la. E a razão de tanta insistência ficou evidente quando ela foi chamada ao palco do Theatro Municipal Paulo Gracindo para apresentar o filme.   Já com o peso recuperado após perder 11 quilos em função da personagem e recebida de forma entusiasmada por integrantes de um fã-clube da capital paulista, a atriz foi logo dizendo que tinha passado os primeiros meses de 2014 na expectativa da estreia do filme, por acreditar que tinha feita o trabalho “mais importante de minha vida”.   “Foi o que mais me dediquei, empenhando um ano inteiro, saúde e minha essência. Depois de Judite, hoje sou uma pessoa diferente. Após 26 anos de carreira, posso dizer que agora consegui dar um passo muito importante no sentido daquilo que eu quero ser como artista, para sempre”, comemorou.   Filha do diretor Arnaldo Jabor, presente na plateia, Carolina destacou que “Boa Sorte” é sua primeira ficção e que estava diante dos primeiros espectadores desse trabalho que fala justamente do primeiro amor. “Tudo aqui é primeira vez”, observou.    Fernanda Montenegro, que faz a avó de Judite, só chegou à Paulínia no dia seguinte, para a exibição de “Infância”, de Domingos Oliveira. (PHS) l   (*) Viajou a convite do Festival

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