Casamento desfeito e falta de perspectivas com o cinema. A estas duas grandes crises que vivenciou, o diretor Cristiano Burlan respondeu com um longa-metragem, curiosamente produzido pela ex.

“Amador” é uma das atrações da 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes, com exibição neste domingo (26) no Cine Teatro Sesi. “Estava com muitas dúvidas, querendo entender o que era o cinema”, observa Burlan.

Para ele, “Amador” representou uma espécie de “Oito e Meio”, célebre longa-metragem do italiano Federico Fellini, lançado em 1963, que registra justamente a crise de criatividade de um realizador.

SEM RESPOSTAS

Fellini usou como alter ego Marcello Mastroianni, enquanto Burlan tem em Henrique Zanoni a materialização de suas angústias. “Fizemos sem roteiro. Criamos algumas situações de conflito, mas tudo foi improvisado”.

Afirmar que o filme se tornou uma espécie de terapia para Burlan é meia verdade. “Não obtive resposta nenhuma, mas consegui passar uma mensagem de reflexão”, analisa o diretor, que lançou, no ano passado, o elogiado documentário “Mataram Meu Irmão”.

O realizador lembra que ninguém termina um filme num dia e começa outro na manhã seguinte. “Tem um hiato grande. Por isso prefiro dizer que fazer cinema não é profissão. É um dos ofícios mais cruéis do homem, pois, quando você termina um filme, não se acumula conhecimento. Terá que reaprender tudo no próximo trabalho”.

A produção tem algumas situações reais, como um teste de elenco e o encontro de Burlan com o crítico de cinema Jean-Claude Bernardet. Este, por sinal, estará no próximo longa do cineasta, sobre uma trupe de teatro que encena “Hamlet”, de Shakespeare.

Ele também prepara o documentário “Elegia de um Crime”, sobre o assassino de sua mãe, fechando uma trilogia sobre a violência sofrida por sua família em Capão Redondo, periferia de São Paulo.


 

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