Reativação de barragem pode ter causado desastre

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
12/09/2014 às 09:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:10
 (Ministério Público/Divulgação )

(Ministério Público/Divulgação )

Embora a barragem de rejeitos que se rompeu em Itabirito (região Central) estivesse inativa, a área foi utilizada nos últimos 20 dias para depósito de resíduos da produção. O Ministério Público Estadual (MPE) apura se essa atividade causou o acidente de quarta-feira. Dois operários morreram e um continuava desaparecido até ontem.    Segundo o órgão, o caso não pode ser tratado como uma fatalidade. “Há fortes indícios de que houve irregularidades na operação da mina e no controle da estrutura. Foi isso ou omissão por parte da empresa”, afirmou Carlos Eduardo Ferreira, coordenador das promotorias de Defesa do Meio Ambiente. Ele esteve ontem no local, acompanhado de uma equipe técnica. Um laudo com as causas será divulgado em dez dias.   A reportagem do Hoje em Dia tentou, por diversas vezes nessa quinta-feira, falar com representantes da Herculano Mineração, mas as ligações não foram atendidas. Na mina, às margens da BR-356, ninguém se dispôs a falar.     Em alerta    Além de apontar as causas do rompimento da barragem B1, os técnicos ainda acompanham a elaboração, por parte da Herculano, de um plano emergencial para evitar outro acidente. Os resíduos deslizaram até outra bacia de contenção, a B3, que, com a sobrecarga, também corre risco de ruir.    A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) deu prazo, até a manhã de hoje, para a empresa apresentar as garantias de estabilidade da barragem. “O risco existe, mas não é iminente”, afirmou o coordenador do Núcleo de Emergência Ambiental da Semad, Milton Franco.   O risco de rompimento dificulta o trabalho do Corpo de Bombeiros, que realiza buscas pelo operador de retroescavadeira Adilson Aparecido Batista, de 44 anos. A área de varredura é superior a 20 campos de futebol. A equipe conta com o auxílio de um drone, que sobrevoa o local, e de um equipamento que escaneia a pilha de rejeitos, diferenciando material orgânico do mineral. O MPE abriu inquérito civil para apurar a responsabilidade pelo desastre, inclusive relativa a danos ambientais.     Água em risco    Os cursos d’água da região foram comprometidos pelo sedimento carreado pela correnteza. O problema representa risco para o abastecimento da capital. Dois córregos afetados são afluentes do rio Itabirito, que deságua no rio das Velhas, onde está o sistema de captação Bela Fama, em Nova Lima. Conforme a Copasa, os rios são monitorados e medidas são tomadas para garantir o abastecimento.(Com Ricardo Rodrigues)

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