Lobão e Erasmo Carlos cobram mais amor e contestação

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
13/07/2012 às 10:40.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:32
 (Divulgação)

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Ícones de duas gerações, Lobão e Erasmo Carlos têm uma paixão incontestável pela música que os move e, ao mesmo tempo, pontos de vista antagônicos quando o assunto é rock'n'roll.

"Por aqui, o rock não morreu, porque simplesmente, no Brasil, o rock não nasceu", dispara Lobão, prestes a completar 55 anos de idade (30 deles dedicados aos palcos). "Somos um país rebolativo. No Brasil não existe esse cenário. Não existe o rock como uma cultura estruturada".

Já o Tremendão, que está completando 50 anos de carreira e segue a todo vapor na estrada com a turnê "Sexo and Rock’n’Roll" (do disco lançado em 2011), ainda faz jus à fama de "mau" e arrasta para o camarim centenas de mulheres atrás de um beijo e um autógrafo após cada show.

"O momento e as tentativas de se fazer rock existem. Nossa! Hoje os discos são feitos dentro de casa! Não há como negar uma cena efervescente, mas não vejo uma revolução ou revolucionários. Não consigo apontar algo que realmente me provoque. Só depois do terceiro disco digo: ‘Bicho, isso é realmente muito bom’. Antes disso é precipitado demais me posicionar", justifica Erasmo.

Enquanto ensaiava com os músicos de sua banda durante passagem de som em Belo Horizonte, Lobão vibrava com os acordes de guitarra e soar da bateria que embalavam uma música e outra: "Ah, isso aqui é divertido demais, rapá". Sim, Lobão, isso é puro rock’n’roll.

"Sabe o que me deixa p..., é que as pessoas não se preocupam com isso. Estou cansado de MPB e de toda essa música medíocre e covarde que fica tocando em churrascaria. Em que transformaram o sertanejo? Hoje o rock está submetido à pior das ditaduras, que é a censura de mercado. Antes, vamos lá, as bandas ainda conseguiam produzir alguma coisa e tocar no Brasil inteiro. Agora só entra nas rádios quem tem dinheiro. E se você não é ouvido, você não existe, cara".

No ano passado, o rebelde Lobão não concordou com o horário proposto para se apresentar no Festival Lollapalooza e recusou o convite. "Tocar às 15h? E uma banda gringa, que ninguém nunca ouvir falar, toca às 22h? Eu não sou herdeiro de nada, mas não vou ficar aqui dando maçã pro professor. A música pra mim é um processo de cura. Ela transforma o mundo. E o que vejo aqui não está mudando nada",diz.

Erasmo completa: "Não dá pra ser rock’n’roll sem diversão. E pra ser um cara do rock é preciso ser pura rebeldia", filosofa.

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