O Hélio Flanders do violão, do comando do grupo Vanguart, é bem conhecido. Mas o outro Hélio, de composições ao piano, de experimentações instrumentais e vocais, de letras ainda mais intimistas, pode ser desvendado por meio do primeiro álbum solo do artista, “Uma Temporada Fora de Mim” (Deck).

O disco é fruto de um processo criativo solitário, desenvolvido ao longo de 2014. Foi uma época em que o músico parou para ler e reler seus poetas favoritos e estabelecer uma relação mais íntima com o piano, se permitindo compor no instrumento. “Quando percebi, estava falando de solidão nessas músicas, estava vivendo um momento bem introspectivo”, diz Flanders.
Viu que as composições não combinavam com o Vanguart, especialmente depois que a banda lançou o ensolarado “Muito Mais Que O Amor”, de 2013. “Decidi lançar esse material solo para viver o desafio de dirigir um processo sem a ajuda de colegas”, afirma o artista, que deu nova entonação à voz, especialmente após ouvir muitos discos de grandes cantores, como Frank Sinatra e Cauby Peixoto.

“Acho que o minimalismo dá ao cantor muita liberdade e, como eu estava tocando piano, fiquei mais livre improvisar, isso permite que o canto possa preencher mais espaços”.

Não comercial

Quem conhece o histórico do Vanguart poderá ficar um tantinho surpreso com o resultado de “Uma Temporada Fora de Mim”. Trata-se de um álbum que provoca um estranhamento, mesmo que haja uma aproximação com as canções dramáticas dos primeiros discos da banda cuiabana.

Justamente por entender que este não é um trabalho comercial, Flanders não está preocupado com uma turnê de divulgação. Os shows devem ser mais pontuais – por sinal, um deles deve acontecer no fim do ano em Belo Horizonte.

“Estou divulgando de maneira serena. Sei que não é um disco fácil, tenho que lidar de forma mais natural. Ele vai chegar a quem quiser recebê-lo”, diz o artista, adiantando que já está preparando o repertório do próximo disco do Vanguart, que poderá vir no ano que vem.

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