Proteção legal para o verde mesmo em áreas particulares

Izabela Ventura - Hoje em Dia
30/05/2014 às 07:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:47
Acidente foi próximo ao condomínio Vale dos Cristais (Eugênio Moraes/ arquivo Hoje em Dia)

Acidente foi próximo ao condomínio Vale dos Cristais (Eugênio Moraes/ arquivo Hoje em Dia)

Cento e trinta e três pedidos de criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) são avaliados atualmente pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). O número mostra o potencial de Minas para se manter em primeiro lugar no ranking de estados com mais unidades de conservação nessa categoria. Hoje, existem legalmente 198. Uma das mais recentes é a RPPN do Vale dos Cristais, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a ser inaugurada semana que vem.   Mais do que áreas verdes que resistiram ao avanço imobiliário, as RPPNs representam a chance de sobrevivência de biomas como a Mata Atlântica e o Cerrado no Estado. Localizadas em terrenos particulares, foram criadas de forma voluntária pelos proprietários, e têm que seguir a legislação ambiental.   Estimular o desenvolvimento dessas unidades é uma estratégia que tem dado certo, segundo o biólogo e conselheiro da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Francisco Mourão Vasconcelos.   “As RPPNs são iniciativas importantes pois auxiliam o Estado no papel de preservação ambiental, já que o poder público tem dificuldade para cuidar das unidades de conservação”, explica.   Restrições   A proteção, mesmo sendo espontânea, deve seguir parâmetros estabelecidos por lei. Um deles determina que a RPPN seja perpétua: depois da criação, o dono não pode destruí-la, desmatá-la ou descaracterizar a vegetação.    Pode, por outro lado, fazer turismo sustentável com a criação de trilhas e pousadas ou empreendimentos que estimulem a educação ambiental.   Outra vantagem das reservas é ó fato de contribuírem para a criação de corredores ecológicos – constituídos por um conjunto de áreas naturais –, permitindo o fluxo de fauna e de elementos reprodutivos vegetais.   “Esses corredores ajudam na proteção e conservação dos recursos naturais e reduzem o número de espécies ameaçadas de extinção, já que as elas têm por onde transitar livremente”, esclarece a gestora ambiental e bióloga Lívia de Oliveira Martins, do IEF.   A maioria das RPPNs do Estado está no Sul de Minas. Belo Horizonte tem apenas uma, de aproximadamente 15 hectares, pertencente ao Minas Tênis Clube: o Minas Country, no bairro Taquaril, zona Leste de BH.   Já em Nova Lima há três unidades dessa categoria: na Mata do Jambreiro, na Mata Samuel de Paula e a Vale dos Cristais, todas com vegetação de Mata Atlântica e/ou Cerrado.    Biodiversidade a salvo em Nova Lima     Região que tem sentido os impactos do boom imobiliário, o vetor Sul de Belo Horizonte ganha, a partir de 7 de junho, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Vale dos Cristais.    A área fica entre a Serra do Souza e a MG-030, na microbacia do Ribeirão dos Cristais, afluente do rio das Velhas. Também faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Sul e do entorno do Parque Municipal das Mangabeiras, do Parque Estadual do Rola Moça e da Estação Ecológica de Fechos.    A proteção da área de 2,5 milhões de metros quadrados foi iniciativa da Odebrecht Realizações, responsável por um empreendimento de condomínios em Nova Lima, para contribuir com a conservação da biodiversidade local e assegurar a integridade do corredor ecológico que interliga diferentes áreas naturais.   Segundo a Associação Geral do Vale dos Cristais (AGVC), a intenção é abrir o local para visitas guiadas para instituições de ensino ou que incentivem a educação ambiental.    Uma das atrações é o trekking pelas trilhas da reserva que conduzem ao cume da Serra do Souza. Há também mirantes de contemplação da lagoa da represa e vários cursos d’água dentro do trecho de caminhadas, cercado por espécies de Mata Atlântica.   Para o conselheiro da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Francisco Mourão Vasconcelos, essa RPPN cumpre importante papel ecológico, pois interliga unidades de conservação ao longo do Vale do Mutuca. 

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