‘Remédio’ contra o câncer ganha impulso na internet

Raquel Ramos - Hoje em Dia
20/10/2015 às 07:19.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:08
 (R7 noticias/Reprodução)

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Pacientes que lutam contra o câncer têm se apoiado em redes sociais para conseguir acesso a uma substância química supostamente capaz de combater a doença. Em grupos fechados, divulgam atualizações sobre o assunto, organizam campanhas para pressionar a distribuição do produto e dão dicas de como obter liminar na Justiça que autoriza a aquisição da droga. Uma única página do Facebook conta com mais de 9 mil membros.

Todo esse movimento começou há pouco mais de um mês, após divulgação de depoimentos de pessoas que garantem ter se curado após ingerir Fosfoetanolamina – substância presente nas nossas células e transformada em comprimido em uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP). No entanto, faltam testes clínicos que comprovem a eficácia ou análises da toxicidade e dos efeitos colaterais.

A própria USP divulgou comunicado informando que a droga não é um remédio. Ainda assim, foi obrigada pela Justiça a fornecer o produto a quem o solicita via liminar.

A determinação, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Evanius Wierman, é irresponsável. “Compreendo o apelo de quem luta pela própria vida, mas, infelizmente, as pessoas que tomam essa substância estão servindo de cobaias. Tomam a droga sem nenhum tipo de acompanhamento médico, sem saber a dose certa ou o risco a que estão sujeitas”, denuncia.

Salvação

Ignorando as recomendações médicas, muita gente deposita todas as esperanças na novidade. “Venho encarecidamente, de coração, perguntar se algum de vocês não poderia nos ajudar, se alguém tiver a ‘fosfo’ ou tenha um pouco para emprestar. Quando recebermos a medicação (via liminar), iremos repor. É só para dar a última cartada”, diz um recado no facebook.

Há também advogados aproveitando a existência de grupos para oferecer os próprios serviços e, ainda, comentários sugerindo que há interesses financeiros da indústria farmacêutica em proibir a comercialização da substância. Hipótese refutada pelo oncologista Charles de Pádua, diretor da clínica Cetus Oncologia. “Ninguém é contra novas drogas, desde que passem por todos os procedimentos necessários”.

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