Sonho dourado

Cristina Barroca - Hoje em Dia
06/09/2015 às 10:00.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:39
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Em busca de novos conhecimentos e sabores, a chef Naiara Faria está de malas prontas para partir ainda, em setembro, para temporada de um ano na França. Carrega na bagagem apenas a disposição para aprender e experimentar. Ainda sem um roteiro definido, a profissional de 25 aninhos que hoje comanda a cozinha do restaurante La Palma, na Pampulha, em Belo Horizonte, pretende estagiar por vários restaurantes do país da alta gastronomia.

E como ficam os negócios em Minas? Será assumido pelo chef Wender Magalhães, do Vecchio Sogno, restaurante do renomado Ivo Faria, pai de Naiara. A primeira parada da jovem será em Grasse, nos Alpes Marítimos, na Costa Azul, onde vai trabalhar no Lou Fassum, do chef francês Emmanuel Ruz. E é só o que ela sabe até o momento.

“Quando eu falei para meu pai que eu queria fazer gastronomia ele amou a ideia”, conta a chef. Apesar da admiração pela culinária de ninguém menos que Ivo Faria, Naiara garante que nunca foi influenciada pelo pai. “Meu pai nunca disse que era para eu seguir esse caminho, mas eu sempre me interessei pelo trabalho dele.

Sempre fui uma curiosa”, relata ela que, ainda na adolescência, costumava assistir o pai cozinhando e preparando os alimentos com respeito. “Nas minhas férias eu ficava pelo restaurante tentando ajudá-lo de alguma forma e tenho boas lembranças de quando ele me ensinava a fazer massa”, recorda.

Fazendo seu caminho

Esforçada e buscando trilhar o próprio caminho, Naiara começou do princípio: se matriculou em um curso de gastronomia. Enquanto estudava, realizou alguns trabalhos em eventos e chegou a estagiar na cozinha do premiado Vecchio Sogno, onde teve a oportunidade de passar por todos os setores de uma cozinha e ocupar diversificados postos de uma brigada, desde a administração até o açougue de um restaurante.

Depois de três anos na casa, partiu para uma viagem de um mês e meio em Portugal, onde viveu uma experiência completamente diferente em uma vinícola local. Participou do Madrid Fusión, um dos maiores eventos de gastronomia do mundo.

 

 

CUIDADO - Para Naiara, o segredo é preparar o alimento sem alterar muito seu sabor (FOTO: Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

 



Chef busca respeitar os sabores originais

Naiara Faria não esconde a pressão que sofreu do pai enquanto trabalhava para ele, mas, para ela, esse tratamento foi um dos impulsos que a fizeram crescer e chegar onde está. “Ele é bem exigente e eu acabei herdando essa qualidade dele. Ele me ensinou a correr atrás do que eu quero e me diz coisas que me ensinam muito na vida, como tentar aprender com tudo e todos a minha volta e aproveitar as oportunidades que surgem, pois elas podem não voltar mais. E é o que tenho feito”, conta.

Quando perguntada sobre alguma outra inspiração na culinária, além de Ivo Faria, ela faz uma pausa longa, pensa, arrisca a dizer alguma coisa, desiste e emenda: “Não tem. É o meu pai mesmo”, diz com firmeza. Mas Naiara fez questão de lembrar como a mãe e a avó paterna cozinham bem, e que enxergam nelas uma inspiração instigada pela memória dos almoços de domingo em família. “Tenho até a receita de uma salada com jiló, que é de autoria da minha avó, no cardápio do La Palma”, completa.

Chuchu

Para Naiara, respeitar os ingredientes é imprescindível em uma cozinha. “É preparar o alimento sem alterar muito o sabor dele, de forma que ele não perca a graça”. E foi com essa teoria que ela criou a receita de um Dourado grelhado, servido com farofa de baru, molho de tangerina, purê de abóbora e espaguete de chuchu, abobrinha e taioba refogada.

Como está em alta a busca pelo saudável, a chef optou por trabalhar com ingredientes que possuem essas propriedades favoráveis, além de comumente comporem a mesa do mineiro. “É um prato mais leve e saboroso. E eu peguei o chuchu porque muitas pessoas acham que é um ingrediente meio sem graça, mas dependendo de como é preparado, ele cria uma vida que ninguém espera”, conta.

“Meu pai costuma preparar chuchu com frequência lá em casa e é um produto que desperta minha memória”, comenta. “E também para criar um contraste de cor e sabor no prato”, completa.

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