Imagens mostram ex-vereador do PT, Chambinho, saindo de prédio com mala

Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt
18/08/2015 às 13:21.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:24

Três agentes da Polícia Federal informaram à delegada Renata da Silva Rodrigues, da força-tarefa da Operação Lava Jato, que o ex-vereador Alexandre Romano, o Chambinho, retirou uma mala de um apartamento de sua propriedade dias antes da deflagração da Operação Pixuleco II, na quinta-feira, 13. Alvo do 18º capítulo da Lava Jato e apontado como operador de propinas em contrato ligado ao Ministério do Planejamento, Chambinho está preso temporariamente há 6 dias.
Nesta terça-feira, 18, a Procuradoria da República pediu ao juiz federal Sérgio Moro a conversão da custódia em regime preventivo e citou a retirada da mala.

Chambinho foi flagrado pelas câmeras do circuito interno de segurança do condomínio onde reside em São Paulo, na Vila Olímpia, entrando no edifício no dia 5 de agosto de 2015, O laudo da PF indicou que ele ficou no local apenas 13 minutos. Chegou às 11h24 e saiu às 11h37. As imagens mostram o investigado entrando no prédio de mãos vazias. Quando saiu, puxava uma mala preta de rodinhas.

"Poucos dias antes da deflagração da fase 18 da operação, há evidências de que o investigado retirou uma mala de seu apartamento, evidenciando que pode ter desviado provas relativas à investigação", aponta o Ministério Público Federal.

Para a força-tarefa da Lava Jato, 'tal proceder é bastante estranho'. As buscas realizadas na residência, alvo de mandado de busca e apreensão, foram consideradas, segundo a Procuradoria, 'infrutíferas'.

"Embora não se possa afirmar que nessa mala tenham sido colocadas provas dos ilícitos, não há qualquer justificativa para essa conduta, pelo que, até o adequado esclarecimento do ocorrido, também se justifica a decretação da prisão preventiva, com fundamento na conveniência da instrução criminal", aponta pedido de prisão preventiva de Chambinho, feito pela força-tarefa.

No relatório à delegada Renata da Silva Rodrigues, os agentes afirmaram que o apartamento 'encontrava-se praticamente vazio e sem indício de ter sido utilizado recentemente'. Segundo os agentes, na ausência de moradores ou funcionários foi necessária a contratação de um chaveiro para acesso às dependências do apartamento.

"Segundo informação de funcionários e moradores do Edifício, o local raramente é ocupado, sendo certo, que eventualmente algumas pessoas pernoitavam no local com autorização expressa encaminhada pelo proprietário. Ainda segundo funcionários, a última vez que o proprietário identificado como sendo Alexandre Corrêa de Oliveira Romano esteve no local teria sido no dia 5 de agosto de 2015, tendo sido informado que o mesmo chegou e entrou pela portaria da frente, ter acessado a Garagem, não portando nenhum objeto. Cerca de 15 minutos depois Alexandre Romano teria saído portando, aparentemente uma mala de viagem, e desde então não teria retornado ao endereço", destaca o relatório.

Os agentes afirmaram ainda que solicitaram acesso às imagens do circuito interno de TV do edifício. O vídeo, segundo a PF, foi fornecido pela empresa administradora do sistema.

"Pelas imagens pudemos constatar a veracidade das informações reportadas pelos funcionários", destaca o relatório. "A partir do laudo, extraímos as seguintes imagens, que indicam a presença de Alexandre Romano no edifício no dia 5 de agosto de 2015 entre as 11:24 hs e as 11:37 hs."

Romano é suspeito de ter recebido R$ 40 milhões em propinas. Em 2001, ele foi eleito pelo PT para mandato de vereador em Americana, no interior de São Paulo, sua única passagem pelo Legislativo. Em 2005, se desfiliou do partido, conforme registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Embora tenha deixado a sigla oficialmente, segundo interlocutores, as amizades com a cúpula petista se mantiveram e o escritório seria usado para atendê-la. A principal ligação é com o ex-ministro José Dirceu, também preso na Lava Jato.
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