Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro, aposta nos preços agressivos para ganhar no volume

Janaína Oliveira/Hoje em Dia
Hoje em Dia - Belo Horizonte
23/02/2015 às 07:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:06
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Ricardo Nunes é daquele tipo de pessoa que exala marketing e liderança. Enquanto posava para as fotos desta entrevista, não parava de fazer gestos parecidos com aqueles que estampam os comerciais de TV da rede criada por ele, a Ricardo Eletro. Foi na cidade de Divinópolis, no Centro-Oeste do Estado, que Ricardo abriu a “portinha” onde vendia bichos de pelúcia e liquidificadores, tudo bem “baratinho”. Nascia ali a empresa que se tornaria uma das cinco maiores redes de varejo de eletrodoméstico do Brasil.

E é ancorada em slogans como “preços que ninguém bate”, “cobrir qualquer oferta” e “briga pelo preço” que a Máquina de Vendas chega aos 25 anos, com faturamento anual de R$ 10 bilhões, 1.100 lojas em 442 cidades e 30 mil funcionários. Mas o empresário não é só bom de papo, não. Coloca a mão na massa. Quase todos os sábados, dá expediente atrás do balcão em uma das lojas na rua Curitiba, no Centro de Belo Horizonte. “Sou mais um vendedor. Não chego à loja como patrão”, diz ele, revelando um dos segredos do sucesso.

Como foi o início de tudo em Divinópolis, interior de Minas, sua terra natal?
Comecei a trabalhar aos 12 anos de idade, quando perdi meu pai. Precisava ajudar a família, somos em quatro irmãos. Eu vendia mexericas na porta de uma faculdade de Direito que ficava em frente à minha casa. Nós morávamos em um sítio, e montei uma barraquinha na frente da faculdade. Depois, comecei a ir para São Paulo comprar e vender mercadorias da 25 de Março. Saía todas as terças-feiras de Divinó-polis, chegava às 4 horas da manhã na rodoviária em São Paulo. À noite eu voltava para casa. Como eu não tinha crédito, eu não conseguia comprar muita coisas e tinha que fazer isso toda semana.

Quando conseguiu abrir a primeira loja?
Aos 18 anos, abri uma portinha para vender bichos de pelúcia e, um ano depois, em 1989, inaugurei a Ricardo Eletro, que tinha apenas 20 metros quadrados. Ela já se chamava Ricardo Eletro, mas vendia praticamente ursinhos de pelúcia e dois ou três liquidificadores. Os poucos eletrodomésticos que vendia na loja era por um preço abaixo do custo para conquistar a clientela e recuperar o prejuízo com os ursinhos, inicialmente. O povo até ria de mim, pois como ia cobrir ofertas com uma lojinha? Ganhava dinheiro no ursinho e perdia, vamos dizer assim, no eletrodoméstico.

Dava pra imaginar a dimensão que o negócio ganharia?
Eu não imaginava, mas tinha estratégia e queria crescer. Sempre tive coragem, batalhei muito e com 20 e poucos anos eu tinha dez lojas na cidade.

Qual a principal diferença do mercado daqueles tempos para os dias atuais?
oda época tem as suas dificuldades. Vejo que a cada dia o mercado fica mais competitivo, as informações chegam mais rápido para os clientes e para os concorrentes também. Mas acredito que quando se tem boa vontade, coragem e esforço, você consegue vencer.

E como a rede mineira Ricardo Eletro chega aos 25 anos?
Chegamos da melhor maneira possível. Em 2010, a Ricardo Eletro e a rede Insinuante, forte na região Nordeste, fizeram a fusão das duas empresas, e assim temos agora a Máquina de Vendas – holding que hoje controla também a City Lar, Eletro Shopping e a Salfer.

Qual o tamanho da fatia do varejo de eletrônicos que a Máquina de Vendas detém?
Somos a segunda maior rede de varejo de eletroe-letrônicos do Brasil e possuímos a maior cobertura territorial do país. A rede é a única a estar presente em todos os estados e no Distrito Federal, com 1.100 lojas distribuídas por 442 cidades e 30.000 funcionários diretos. Só da Ricardo Eletro tem mais de 280 lojas.

Um dos lemas da rede é “cobrir qualquer oferta”. Sua receita de sucesso são preços combativos?
Nosso diferencial sempre foi ter o melhor preço, trabalhamos para oferecer as condições verdadeiramente competitivas. Mas o sucesso também é fruto de muito esforço e de muita coragem, é preciso ter o pé no chão, mas é fundamental avançar sempre.

Você tem mais perfil de dono ou de vendedor?
Eu sou vendedor. Aprendi muito a lidar com as pessoas. Sempre trabalhei com os funcionários ao meu lado, lutando junto comigo. Até hoje não perdi o tom de vendedor, nas lojas fico lado a lado com os colaboradores. Sou mais um vendedor, tanto que não chego à loja como patrão. Chego para atender cliente, ajudar o vendedor a ganhar comissão, carregar produtos. Na empresa não tem esse negócio de ‘chegou o dono’. Acho que é essa aura, de manter valores como a simplicidade e a humildade, é o que motiva.

Em toda sua trajetória, quando foi o momento mais difícil?
O começo é muito difícil, pois eu queria ter credibilidade para negociar com os fornecedores em busca do menor preço, mas eles não me conheciam. Mas todas as épocas têm suas dificuldades, o importante é não ter medo e avançar.

Como foi a decisão de fundar a Máquina de Vendas?
Eu já estava no mercado há 20 anos, já tinha me consolidado na região em que atuava, mas queria ampliar os horizontes, por isso, procurei o Luiz Carlos Batista, fundador da rede Insinuante, muito forte na região Nordeste, e alinhamos a fusão das duas empresas. Dessa fusão, nasceu a holding Máquina de Vendas. Mais tarde, nos associamos à City Lar, do Mato Grosso, e à Eletro Shopping, com sede em Pernambuco e presente em mais seis estados do Nordeste brasileiro, e à paranaense Salfer, com lojas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, garantindo o segundo lugar nacional no pódio dos varejistas.

Qual o tamanho da empresa hoje? Número de lojas, de empregados, faturamento...
Em 2013, tivemos o faturamento de aproximadamente R$ 10 bilhões. Temos 1.100 lojas distribuídas por 442 cidades e 30 mil funcionários diretos.

Afinal, a rede entrou para o Guiness Book?
A ação do Guiness Book foi para comemorar os 25 anos da Ricardo Eletro. O desafio era vender 600 produtos em 24 horas, sem a ajuda de outros funcionários. A meta foi batida em apenas cinco horas. O resultado foi um sucesso. Agora o processo está em homologação, estamos aguardando a posição oficial do Guinness.

Quais os desafios e projetos para 2015?
Para este ano, queremos continuar com a estratégia de preços agressivos, esse sempre foi e sempre será nosso principal diferencial. Criei um método que é a melhor maneira de vender: ganhar no volume vendido. Em 2015, realizaremos promoções especiais e participaremos das principais ações de descontos do varejo nacional como a “Black Friday” e a “Cyber Monday”.  

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