Exposição-performance com três instalações questiona o significado de ser brasileiro

Pedro Artur - Hoje em Dia
14/06/2014 às 10:15.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:00

Mesmo com os olhares voltados para a Copa do Mundo – dentro e fora das quatro linhas – há muito para se ver. Pipocam mostras por toda a cidade e algumas delas instigantes e provocativas. Caso da exposição-performance “Agência Humble: Capitalizando Segredos” com a sugestiva temática, para esses tempos, de “qual o significado de ser brasileiro”. São três instalações criadas pela companhia anglo-brasileira ZU-UK (Zecora Ura), em parceria com os videoartistas mineiros Eder Santos, Henrique Roscoe e Fabiano Fonseca. A exposição, com entrada franca, abre neste domingo (15) e prossegue até 15 de julho, na Funarte-MG (rua Januária, 68, Floresta), com visitas das 13 às 17h.

Diretor da Zecora e idealizador da exposição junto com a mulher, a iemenita Persis Jade Maravala, o carioca Jorge Ramos – que mora em Londres há 14 anos – ressalta a importância e necessidade da participação do público. “A exposição-performance não é para ser observada passivamente, ela convida o participante a ser o centro dessa experiência. Porque tem instalações interativas digitais com atores e performers que trabalham com o público. Por exemplo, o público vai ser convidado a entrar num táxi, transformado em cinema 360 graus, simulando o carnaval do Rio, visto de dentro de um Fiat 147. E encerra com a chegada de uma batida policial”, provoca. Esta instalação é de Fabiano Fonseca.

É importante destacar que, por conta dessa metodologia, só podem entrar cinco pessoas de cada vez, que são conduzidos por atores e performers.

Em “Morro da Filosofia”, Eder Santos procura revelar as inquietudes das pessoas, por meio de telas que simulam o universo, as constelações. “O grande barato dessa instalação é que são cinco pessoas estranhas, que não se conhecem, que se deitam na grama e observam esse universo gigantesco, enquanto debatem sobre fé, questões filosóficas e pessoais”, frisa Jorge Ramos, que conta que a parceria com os artistas mineiros surgiu no ano passado durante o projeto Drift Residência para artistas de todas as áreas em regime colaborativo.

Em outra instalação, “Cabine Intimatron” – em parceria com Henrique Roscoe –, a preocupação é também com a existência humana e os objetos do dia a dia, mas, neste caso, em particular, tende a desaparecer por causa dos avanços tecnológicos. São cinco aparelhos de orelhões onde uma pessoa conversa com a máquina e fala sobre sua vida íntima, enquanto a voz gravada do aparelho telefônico revela coisas sobre ela também.

A mesma experiência foi vivida durante as Olimpíadas de Londres. Em uma exposição em Liverpool, artistas brasileiros desafiaram o público inglês com uma temática provocativa: estavam eles preparados para um mundo mais brasileiro diante do crescimento do país?

Desta vez, a provocação é outra. “Aproveitamos a Copa para questionar a forma como o estrangeiro vê o brasileiro; como o brasileiro se mostra ao estrangeiro e como o brasileiro se vê diante de ser brasileiro”, diz Jorge Ramos, que promove nova Residência de 27 de julho a 3 de agosto, em Miguel Pereira, no Rio de Janeiro.

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