Comissão Especial de Impeachment no Senado tem 10 investigados

Alessandra Mendes e Tatiana Moraes
amfranca@hojeemdia.com.br e tmoraes@hojeemdia.com.br
25/04/2016 às 22:31.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:07
 (ABr)

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Depois de a votação do impeachment na Câmara dos Deputados ser alvo de comentários negativos pelo fato de a casa ser presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que responde a diversos processos, a comissão instaurada no Senado chama a atenção pela quantidade de ações colecionadas pelos integrantes. Dos 21 senadores que participam do grupo, dez, o equivalente a 47,6%, são investigados por envolvimento em crimes, inclusive na “Lava Jato”. Ao todo, os parlamentares são alvos de 67 procedimentos investigatórios. Os dados, atualizados até dezembro de 2015, são do Portal Transparência Brasil.

O campeão de processos é o senador Dário Berger (PMDB-SC), com 26 ações. Apenas junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), o parlamentar é citado em quatro inquéritos. Outros 13 tramitam no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), todos por improbidade administrativa.

Dos dois mineiros que participam da comissão, um, Zezé Perrela (PTB-MG), responde a três processos. Um dos casos é por improbidade administrativa. Segundo dados do Portal Transparência Brasil, Antônio Anastasia (PSDB-MG), não é citado em procedimentos investigatórios.

Com 21 parlamentares, a comissão que vai analisar o impeachement é dividida em seis blocos. Hoje acontecerá a primeira reunião com os integrantes, quando serão confirmados o presidente e o relator.

Entre os apoiadores da presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Lindbergh Faria (PT-RJ) é alvo de 21 inquéritos, inclusive um referente à Operação “Lava Jato”, que investiga esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras.

Também do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, pelo Paraná, tem seu nome atrelado às investigações da Polícia Federal (PF), que culminaram na prisão de políticos e empresários de renome.

Outros dois parlamentares da comissão que vai analisar o pedido de impeachment da presidente são citados em processos relacionados à “Lava Jato”: Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Gladson Cameli (PP-AC).

Base

Além de passar pelo crivo de senadores que respondem por processos, Dilma Rousseff ainda tem que driblar a falta de apoio na comissão. Dos 21 senadores que integram o grupo, apenas cinco são abertamente favoráveis à permanência da presidente no cargo. Telmário Mota (PDT-RR), José Pimentel (PT-CE), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e os dois petistas já citados compõem a lista.

O presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), sempre se mostrou favorável ao impedimento da presidente. Nos últimos dias, no entanto, ele tem se classificado como isento. Lira foi indicado pelo PMDB, partido que detém o maior bloco na comissão, com cinco senadores. O PSDB, segundo maior bloco, indicou o relator, Antônio Anastasia (MG).

Posicionamentos

A assessoria de imprensa de Gladson Cameli (PP-AC) informou que até este momento o senador está na condição de investigado e que nunca foi citado nominalmente na “Lava Jato”. Sobre outro processo no STF, a assessoria disse que o parlamentar “realiza pagamentos de prestação pecuniária a entidade assistencial pelo prazo de dois anos”. Após o término do pagamento, o inquérito será encerrado e arquivado.

Todos os senadores investigados segundo levantamento do Portal Transparência Brasil foram procurados pelo Hoje em Dia para comentar o assunto. Sete não responderam.

Por meio de nota, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) alegou que o inquérito referente à “Lava Jato” encontra-se em fase investigatória e que ele continua à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades. Sobre os outros quatro processos a que ele responde, o senador já prestou informações sobre dois, um encontra-se em fase de diligências que não apontariam a participação do parlamentar e o último está em vias de ser arquivado, diz o texto.

A assessoria de Wellington Fagundes informou que o parlamentar aguarda com tranquilidade a apuração dos fatos. “Em tempo, rechaça qualquer envolvimento em eventual prática delituosa e, no momento oportuno, se for convocado pela Justiça a se defender, terá condições de aprofundar ou detalhar o que de fato está sob apuração”, diz o texto.

Defesa

Todos os senadores investigados, segundo levantamento do Portal Transparência Brasil, foram procurados pelo Hoje em Dia para comentar o assunto. Sete não responderam até o fechamento.

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