Na história: Jô pode igualar feito de Dario e Reinaldo

Alexandre Simões e Gláucio Castro- Hoje em Dia
04/05/2014 às 09:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:25

A história do Atlético sempre foi marcada pelos seus centroavantes. Os esquadrões, as grandes conquistas, nunca aconteceram sem que o homem de referência na área fosse um ídolo. E hoje pode-se afirmar, sem medo, que essa é uma trajetória de Mário de Castro a Jô, passando por Guará, Ubaldo Miranda, Nilson, Dario, Reinaldo e Guilherme.   E a partir da próxima quarta-feira, Jô pode ganhar pontos nessa galeria de ídolos da Massa. Nome praticamente certo na lista do técnico Luiz Felipe Scolari para a Copa do Mundo, ele pode ser o terceiro centroavante a participar da maior competição de futebol do planeta como jogador do Atlético.   Até hoje, o Galo teve dois centroavantes na Copa do Mundo. O primeiro foi Dario, convocado por Zagallo para integrar o grupo que conquistou no México o tricampeonato mundial.   Reserva de Tostão, ele não entrou em campo, mas colocou seu nome na história atleticana, pois foi o primeiro jogador do clube a disputar uma Copa do Mundo e, por consequência, a conquistar o título mundial.   Em 1978, na Argentina, Reinaldo deixou o Brasil como titular da equipe de Cláudio Coutinho, que apostou na sua genialidade apesar dos problemas físicos que o centroavante enfrentava.   “Foi ele (Cláudio Coutinho) quem me levou para a Copa do Mundo. Mandou até buscar no exterior um equipamento de musculação para a minha preparação, pois uma parte importante do meu tratamento era o fortalecimento da musculatura ao redor do joelho”, garante o ex-jogador.   Apesar do apoio de Coutinho, Reinaldo revela os problemas que viveu no país vizinho: “O meu joelho tinha derrames direto. E os campos na Argentina eram muito pesados, o que aumentava o problema”.   Mesmo assim, o Rei brilhou na estreia da Seleção, em 3 de junho, contra a Suécia. Ele marcou o gol de empate, aos 45 minutos do primeiro tempo.   Na partida seguinte, contra a Espanha, seguiu comandando o ataque do Brasil em novo empate, dessa vez sem gol. No confronto seguinte, contra a Áustria, a Seleção definiria sua sorte no Grupo 3. Só passaria às semifinais, que foram disputadas com dois quadrangulares, se vencesse.   Então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), o Almirante Heleno Nunes deixou o Rio de Janeiro e foi à Argentina dar uma ordem ao capitão Cláudio Coutinho, que também era militar.   “O Almirante ordenou que o Zico e eu deixássemos o time. Ele queria uma equipe mais forte fisicamente e mandou o Coutinho colocar Jorge Mendonça e Roberto Dinamite, respectivamente, em nossos lugares”, recorda Reinaldo, que só voltou a jogar na Copa da Argentina disputa do terceiro lugar, quando o Brasil fez 2 a 1 sobre a Itália e e ele entrou no lugar de Gil, no intervalo.   Prestígio   A convocação praticamente certa de Jô na próxima quarta-feira é fruto da sua eficiência com a camisa amarela. Disputou a Copa das Confederações por causa da contusão de Leandro Damião e não deixou mais o grupo de Scolari.   Além disso, vem seguindo em 2014 o conselho do treinador, que disse por várias vezes que os jogadores vão se garantir em sua lista para o Mundial pelo que fizerem em seus respectivos clubes.   Apesar do momento conturbado que o Atlético vive, pois perdeu a chance de conquistar o primeiro tricampeonato estadual do século, e na última quinta-feira teve o sonho do bi da Copa Libertadores interrompido com uma eliminação ainda nas oitavas de final, o camisa 7 do Galo não teve seu prestígio com a Massa abalado.   O que Jô espera é que seu prestígio esteja em alta também com Luiz Felipe Scolari.   Entrevista: “será uma honra representar o atlético na copa”   Quase dois anos depois de chegar ao Atlético, após uma passagem tumultuada pelo Internacional, o atacante Jô, de 27 anos, está prestes a realizar o sonho de quase todos os meninos nascidos no Brasil: defender a Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, principalmente neste ano, que ela será disputada em casa.    Enquanto a lista de Felipão não sai, o atacante do Galo tenta driblar a ansiedade e mostrar ao treinador que é a melhor opção para a reserva de Fred. Contra o Goiás neste sábado (3), às 18h30, pela terceira rodada do Brasileiro, no Horto, Jô completará o centésimo jogo com a camisa alvinegra.   Como está a ansiedade com o dia da convocação se aproximando? A ansiedade é grande. É um sonho que pode se realizar. A cada dia, a cada jogo, eu marco aquele X no calendário esperando a convocação. A expectativa é muito grande enquanto não sai a lista dos que vão à Copa.   No seu sonho mais otimista, imaginava chegar a uma Copa do Mundo? Como jogador, a gente sempre tem o sonho de chegar a uma Copa do Mundo. Se realmente se concretizar esse sonho de criança, confesso que eu não esperava chegar num ponto deste, ainda mais em uma Copa aqui no Brasil. Se acontecer mesmo será um sonho de toda a minha família e vai me deixar muito feliz.   Chegou a pensar que sua passagem tumultuada no Internacional pudesse atrapalhar este sonho? Foi uma passagem meio turbulenta. Realmente eu não esperava, apesar de confiar muito no meu futebol, que essa volta por cima aconteceria tão rápido. Graças a Deus, tive uma família que me ajudou bastante e consciência de que precisava voltar a jogar o mesmo futebol de quando fui para a Europa, e o Atlético foi um clube que está marcando a minha carreira. Agradeço muito à torcida pela confiança, por isso eu consegui voltar a marcar gols e à Seleção Brasileira.   Como você fez para reconquistar a confiança e chegar à Seleção? Primeiramente, eu tive os pés no chão e disposição para trabalhar. Eu cheguei com o intuito de trabalhar e jogar. Tive que ser aquela pessoa humilde para ir conquistando o espaço aos poucos. Como falei, o jogador precisa de confiança. Aqui no Atlético, eu me senti acolhido porque tive a confiança do treinador, da diretoria e da torcida, principalmente. Me senti bem, acolhido como se fosse uma família. Aí as coisas começaram a dar certo. Jogador precisa ter confiança.   Todo mundo esperava que o Ronaldinho seria convocado e acabou não acontecendo. Você é o representante do Galo mais certo na Copa. Vocês falam sobre isso? A gente conversa, sim. Ele ficou chateado, claro, por não ter sido convocados nas últimas partidas. Ele queria muito estar na Copa, ainda mais dentro do país, o que é uma honra para qualquer um, principalmente para ele, que é um ídolo. Mas ele ainda tem esperança. Ele iria nos ajudar bastante. Se não acontecer, ele também não vai ficar chateado, porque já disputou uma Copa e foi campeão.   O Atlético sempre teve tradição de bons centroavantes em Copas, como Dario e Reinaldo. Aumenta sua responsabilidade? É um peso, uma responsabilidade. Quando eu cheguei, muitos falavam isso. Eu me sinto honrado de ter entrado para a história do Atlético e de representar o time na Seleção Brasileira. Eu me sinto feliz e honrado com este desafio. Para mim, como eu falei, é o melhor momento da minha carreira. O Dadá sempre me encontra e brinca que ele foi o ídolo do passado e que eu sou o ídolo do presente. Fico muito feliz.   Quem é seu ídolo com a amarelinha? Quem eu acompanhei bastante e posso falar que me espelhei é o Ronaldo ‘Fenômeno’. Eu pude acompanhar praticamente a carreira dele toda. Acho que a explosão e velocidade somadas à calma eram sensacionais, assim como o Romário. Quando você está dentro da área você tem que ter tranquilidade para finalizar, senão coloca tudo a perder. Isso eu observava e gostava muito nele.   O Brasil tem chance de ser hexa? Vejo o Brasil com grandes chances, somos um dos favoritos ao título. O que a gente fez na Copa das Confederações conquistou a confiança do torcedor, quando ninguém mais acreditava na Seleção. O Felipão conseguiu resgatar isso de volta a um ano da Copa do Mundo. Muitos nunca estiveram em uma Copa e têm essa gana de vencer.

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