Cada vez mais pessoas abrem mão da exclusividade no relacionamento amoroso

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
01/04/2016 às 18:42.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:44
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

"Um é pouco. Dois é bom. Três é demais”. O ditado popular logo precisará de uma atualização, principalmente se levarmos em conta o número crescente de adeptos do chamado poliamor, que já tem em BH grupos organizados para promover encontros e desmistificar a ideia de que a satisfação amorosa só pode ser desfrutada a dois.

“É uma vivência que quebra com a construção monogâmica imposta pela sociedade, mostrando a possibilidade de gostar de mais de uma pessoa ao mesmo tempo”, afirma o digitador Jordan Ramos, praticante do poliamor desde 2007 e administrador de uma página no Facebook (Poliamor Belo Horizonte), com mais de 600 membros.

Pode ou não pode

O poliamor tem suas regras. A principal delas é a honestidade. “Não é trair. O parceiro precisa ter conhecimento dessa relação e dar o consentimento. Não pode ser algo à parte”, conta Jordan, que, como vários iniciantes, enveredou pelo poliamor quando queria fazer swing (troca de casais).

“Logo pensei: ‘oba, vou transar com muita gente’. Mas não foi tão bom quanto imaginei. Aí minha esposa começou a se relacionar afetivamente com outro rapaz. No início, ela se relacionava com os dois. Depois, eu e ele passamos a nos envolver também”, recorda Jordan, que mais tarde encontrou os conceitos do poliamor numa comunidade do Orkut.

Muitas pessoas entram em comunidades assim para encontrar uma maneira rápida de fazer sexo. “Entram meio deslumbradas, atirando para todos os lados. São poliamoristas quando estão solteiras e, depois que arrumam um parceiro, deixam de ser”, relata.

Os poliamoristas de BH promovem encontros periódicos na Praça da Liberdade e em bares para trocarem experiências e reforçarem suas opções sobre relacionamentos amorosos abertos

Ciúmes

Outro problema é o ciúme do parceiro. A estudante de enfermagem Tamara Karoline lembra que uma relação se desfez quando o marido passou a ficar incomodado com a grande proximidade entre ela e sua esposa. “Começou só pelo sexo, mas depois passamos a nos envolver. Nunca tinha ficado com homem, era só amizade”, conta.

Tamara salienta que, para as mulheres, é ainda mais difícil se libertar da monogamia. “Somos socializadas de maneira monogâmica e machista. Achava meio errado no início, mas depois fui vendo que tinham outras pessoas como eu”, registra.

Jordan Ramos acrescenta que as pessoas se sentem culpadas por estarem casadas e passarem a gostar de outra pessoa. Por isso acabam se separando, quando, segundo ele, poderiam viver a possibilidade de gostar de mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

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