Minas atrai grandes empresas, mas perde centros de decisões

Bruno Porto - Hoje em Dia
19/01/2014 às 08:05.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:26
 (Aperam/Divulgação)

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Antes um refúgio de centros de decisões de grandes empreendimentos, Minas Gerais sofreu nos últimos 15 anos um processo de perda de sedes de grandes grupos, seja por estratégia interna ou por incorporações das empresas por multinacionais. O movimento tem alcance nacional, com tendência de as empresas se instalarem próximas de São Paulo, o maior centro financeiro do país.    O Estado, que um dia abrigou a matriz dos maiores bancos e das maiores fabricantes de aço, hoje encontra dificuldades para estancar esse processo, que se acentua com a falta de uma política industrial robusta e com a natural consolidação de alguns setores, que se estabelece com as grandes empresas engolindo as menores. Desde 2001, empresas como Belgo-Mineira, Acesita, Açominas e RM Sistemas foram incorporadas por outros grupos não sediados em Minas Gerais. No caso das três primeiras, do setor de siderurgia, apesar de as operações permanecem no Estado, que abriga o maior parque siderúrgico do país, as decisões estratégicas vêm de fora. Em outros casos, como o da Andrade Gutierrez, a transferência da sede para São Paulo em 2001 ocorreu por preferência das próprias empresas.    A Arcelor, que hoje controla a ex-Belgo-Minieira e a ex-Acesita, ainda mantém em Belo Horizonte a sede da companhia no Brasil, mas as decisões sobre grandes projetos estão sujeitas a aprovações da matriz, em Luxemburgo.    O grupo gaúcho Gerdau, que “engoliu” a Açominas, informou que mantém no Estado 40% de seus investimentos hoje em curso. Já Andrade Gutierrez informou que mantém sede fiscal em Minas Gerais, apesar da transferência de parte de sua administração para São Paulo e Rio de Janeiro.   “A perda de poder decisório fatalmente gera perda de investimentos. As decisões econômicas têm contornos políticos. Quando a tomada de decisão deixa de ser em Minas, o governo estadual perde poder de pressão”, disse o presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Cláudio Gontijo.   Outro aspecto negativo dessa transferência de sedes, conforme Gontijo, é a renovação do quadro de executivos e superintendentes. Ele pontua que gradualmente esses quadros de primeiro escalão passam a ser ocupados por pessoas da região onde está a empresa, porque elas têm trânsito maior nos órgão locais.    “Não é uma questão de falta de atratividade de Minas, tanto que é um movimento que ocorre em todo o país. Não envolve também tributação, mas faz mais sentido, dependo da natureza do negócio, estar próximo ao centro financeiro do país”, ponderou o professor de Economia e Finanças do Ibmec, Eduardo Coutinho.   O presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza, acrescenta que a maior velocidade com que as decisões empresariais são tomadas fortalece São Paulo como abrigo dos grandes grupos. 

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