Inflação em Belo Horizonte estoura o teto da meta do Banco Central

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
08/05/2014 às 07:07.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:29
 (Editoria de arte)

(Editoria de arte)

O aumento da inflação em 12 meses até abril, em Belo Horizonte, estourou o teto da meta estabelecida pelo Banco Central para o país. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a evolução dos gastos das famílias com renda de um até 40 salários mínimos, bateu em 6,52%, ultrapassando o limite de 6,5% definido pelo governo federal. Deram força ao dragão, principalmente, os reajustes nas contas de luz e de água.

E como novas pressões são esperadas para breve em outros preços administrados, como das tarifas de ônibus e da gasolina, o sinal é de alerta máximo. Os dados são da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).

“O governo tem afirmado que a inflação vai ficar dentro da meta, que não está fora do controle. Mas os dados mostram que a situação é muito preocupante, ainda mais que novos reajustes estão por vir, como nas bebidas. Com mais impostos a pagar, o setor já avisou que água, suco pronto, cerveja e refrigerante ficarão mais caros em junho”, afirma a coordenadora de Pesquisa do Ipead, Thaize Vieira Martins.

Confiança

Para ela, o rompimento da meta traz sérias consequências, como queda na confiança dos investidores, aumento da insegurança sobre o cenário econômico brasileiro e desconfiança dos próprios brasileiros.

“A população sofre diretamente o impacto dos aumentos e vê sua renda sendo corroída”, diz a especialista. Um exemplo é a alimentação fora do lar, que em 12 meses ficou 8,32% mais salgada.

A análise dos números em abril também ilustra o tamanho da fúria do dragão. No mês, a inflação chegou a 0,98%, maior índice nos últimos 11 anos para este mês. As maiores contribuições vieram da despesas com energia elétrica (10,68%) e com a conta de água (4,64%), que são os dois itens com mais peso no cálculo da inflação.

Em abril, a tarifa da Cemig ficou 14,24% mais cara. Quanto à Copasa, o impacto nas tarifas a ser percebido pelos usuários será de 6,18%.

- Desempenho da economia tira otimismo do consumidor de BH

Com a economia patinando e os preços em escalada, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizonte, em abril, ficou em apenas 43,07 pontos, o menor patamar desde julho de 2005. O indicador caiu 4,59%, na comparação com março (45,14 pontos). No ano, a queda chega a 6,82% e no mês, a 11,78%.

Desenvolvido pelo Ipead/UFMG, o índice pode variar de 0 a 100, em que 0 representa pessimismo total e 100, otimismo máximo. A pontuação 50 demarca a fronteira entre os dois sentimentos.

“Tanta desconfiança mostra que os belo-horizontinos estão sendo fortemente impactados pela percepção negativa acerca da alta dos preços”, avalia a coordenadora do Ipead, Thayse Martins.

Segundo o levantamento, 40,48% dos entrevistados consideram que a inflação está muito alta. Na mesma direção, a expectativa despencou 20,28% com relação à inflação e 11,23% sobre a situação econômica do país. Também retraíram as perspectivas da situação financeira da família em relação ao passado (-4,24%) e das pretensões de compra (-3,28%).

“Percebemos que, mesmo antecedendo o mês de maio, quando é comemorado o Dia das Mães, reconhecida como uma das melhores datas do comércio, os consumidores não se mostram dispostos a gastar”, diz a especialista. No ano, a queda na pretensão de compra passa dos 10%.

Cesta Básica

Entre março e abril, a cesta básica ficou 2% mais alto, completando a terceira alta consecutiva. O valor da cesta atingiu R$ 343,77, ou seja, só esse gasto engole 47,48% do salário mínimo do trabalhador brasileiro. No ano, a aceleração é de quase 10%.

A batata inglesa foi uma das vilãs, com aumento de 14,37%. Já a banana caturra ficou 7,32% mais cara. Açúcar cristal e café moído, com altas de 5,71% e 5,05%, respectivamente, também pesaram no bolso.

Engrossam a lista feijão carioquinha e leite pasteurizado, com preços 3,92% e 2,43% mais salgados, nessa ordem. Já o tomate, ex-vilão, deu refresco, com queda de 7,53%.
 

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