FLORIANÓPOLIS – Um público atento e curioso caminhava pelos corredores do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), no interior do CIC (Centro Integrado de Cultura), na noite de sexta-feira (15). Alguns se mostravam surpresos com os objetos encontrados na exposição “Design para Todos”, que abriu oficialmente a quinta edição da Bienal Brasileira de Design, que se estende até 12 de julho na capital catarinense.
Em uma rápida volta pela exposição dava para perceber os motivos da reação do público, que encontrou desde panela de pressão à carro. “Muitos produtos que estão aqui eu tenho em casa. E não imaginava que o design estava envolvido na fabricação das peças”, comentou a estudante de design gráfico Aline Furtado, de 28 anos. A exposição trouxe os mais diversos produtos disponíveis no mercado nos últimos quatro anos. “Os produtos têm característica própria, como uso de madeira de reflorestamento. Tentamos fazer um panorama do Brasil. Temos aqui produtos do Ceará, da Amazônia, e não apenas da região Sul do país”, explicou o curador da Bienal, Freddy Van Camp.
Três visões
O próprio nome da exposição mostra o eixo central dessa edição da Bienal. “No Brasil ainda persiste a ideia de que o design é para poucos. Queremos desmistificar isso e mostrar o caráter democrático da atividade, que está em nosso dia a dia e nem por isso encarece o valor final do produto”, afirmou Van Camp. A exposição “Design para Todos” possui três visões: design especial (para todos os tipos físicos e para necessidades especiais), design democrático (economicamente acessível a todas as classes sociais) e design público (equipamentos de mobilidade, transporte e uso urbano).
A disposição dos produtos também chama a atenção, pois não foram separados por setor. O garfo desenvolvido para crianças com deficiência visual estava próximo a jogos de tabuleiro e artigos de papelaria. “Não criamos setores no espaço expositivo, pois a ideia foi de misturar um pouco as coisas, pois é importante que o público perceba a presença do design tanto em uma cadeira de rodas como na sinalização de um banheiro ou em um conjunto de potes”, justifica o curador.
Os 160 produtos em exposição estão no mercado. “Não trouxemos nenhum protótipo”, diz o curador.
(*) A repórter viajou a convite da Bienal Brasileira de Design.