Jovem do programa 'Fica Vivo!' é convidado a ensinar capoeira na França

Hoje em Dia*
13/04/2015 às 16:05.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:37
 (Henrique Chendes/Imprensa MG)

(Henrique Chendes/Imprensa MG)

O adolescente Gabriel Nascimento Ferreira, de 17 anos, conhecido como “Molinha”, vai para a França dar aulas de capoeira. O apelido foi dado aos cinco anos pela flexibilidade do corpo, o que favorece a execução dos movimentos da capoeira. Molinha ficará inicialmente por três meses no país europeu, com possibilidade de estender a permanência.   “Eu era um pedacinho de gente quando comecei a jogar capoeira. O programa 'Fica Vivo!' me ajudou a continuar firme no esporte e manter o pensamento e ações para atitudes saudáveis”, relata Gabriel, que hoje tem 1,81m de altura e ajuda a ensinar a arte para crianças e adolescentes, incluindo seu irmão Mateus, de oito anos, conhecido como Louva-Deus, na Oficina de Capoeira do programa no Aglomerado Santa Lúcia, em Belo Horizonte.    Os apelidos são uma tradição na capoeira. Não se trata de bullying, explica o professor e oficineiro Márcio, que desde a implantação do 'Fica Vivo!', em 2006, acompanha Gabriel e muitos outros jovens e crianças.   Assim como nas outras atividades oferecidas pelos Centros de Prevenção à Criminalidade da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o papel do oficineiro vai além de ensinar, no caso, a capoeira, que é dança e luta ao mesmo tempo. “Procuro sempre conversar sobre a importância de buscar os caminhos corretos na vida. Não se envolver com drogas, estudar e respeitar a família.”   As oficinas favorecem e estimulam o acesso dos jovens aos serviços e espaços públicos, o exercício do direito de ir e vir,  além de discutir temas relacionados à cidadania e aos direitos humanos e criar espaços de resolução de conflitos e rivalidades.   Descoberta   O primeiro contato de Gabriel com a capoeira deu-se na rua José Bonifácio, perto da Praça do Amor, no Aglomerado Santa Lúcia. Da porta de casa, o menino viu passar o Mestre Pantera, que hoje ensina a arte em Barcelona, na Espanha, vestido com a roupa branca, a corda na cintura, acompanhado de vários alunos, caminhando em direção a uma quadra de esportes.   A cena se repetia quase todos os dias até que Gabriel tomou coragem. Convidou-os a entrar para pedir aos pais para participar do grupo de capoeira. “Consegui autorização, pois meu pai tinha sido capoeirista e deu todo o apoio. Virei um fominha das aulas, chegava antes da hora e fazia duas aulas seguidas.”   Gabriel lembra que, na época, dois movimentos da capoeira executados pelo Mestre Pantera o impressionaram: o Aú e o Macaco. O primeiro é conhecido pelos leigos por estrela, no qual o capoeirista ergue as pernas apoiando as mãos no chão, fica de ponta cabeça com as pernas abertas e em seguida cai com uma perna, depois com a outra, fazendo um semicírculo no ar. Já o Macaco consiste em apoiar uma mão no chão, atrás do corpo agachado e saltar apoiando a outra mão, levando os dois pés juntos ou separados.   “Ali, a capoeira virou paixão. E é isso que vou levar para a França. Estou ansioso demais, quase não consigo dormir com a proximidade da viagem. Jamais imaginei que um dia iria ensinar o Aú, o Macaco e tantos outros movimentos fora do Brasil’, revela o futuro professor.   Em 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) elevou a capoeira à condição de Patrimônio Cultural Brasileiro. Em novembro de 2014 foi a vez da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) reconhecer a capoeira como Patrimônio Cultural da Humanidade.    Abrangência   O Programa “Fica Vivo!” está presente nas quatro vilas que compõem o Aglomerado Santa Lúcia: Estrela, Barragem, Santa Rita de Cássia e São Bento. São oferecidas 11 oficinas que incluem atividades esportivas e artísticas, atendendo a cerca de 300 jovens por mês. A gestora do Centro de Prevenção à Criminalidade Santa Lúcia e Serra, Mayesse Parizi, explica que não há necessidade de inscrição e nem data de fim ou começo das oficinas. “O objetivo é atender aos jovens a qualquer momento que eles cheguem, o importante é acolher e integrá-los nos grupos”, diz Mayesse.   (* Com Agência Minas)

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