Vandalismo em estágio permanente destrói Move pouco a pouco

Gabriela Sales e Renato Fonseca - Hoje em Dia
13/04/2015 às 08:09.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:37
 (Cristiano Machado)

(Cristiano Machado)

Monitores e vidros quebrados, sensores com defeito, portas inoperantes, gambiarras, pichações e inexistência de extintores de incêndio. Apesar de ter pouco mais de um ano de uso e passado por reformas, muitos terminais de transferência do Move apresentam problemas de operação ou estão depredados.

As falhas e os constantes atos de vandalismo reforçam a fragilidade da segurança, como mostrou reportagem do Hoje em Dia desse domingo (12), e ainda jogam pelo ralo dinheiro do contribuinte. O Move (nos corredores Antônio Carlos/Pedro I, Cristiano Machado/Vilarinho e Centro) custou aos cofres públicos mais de R$ 1 bilhão.

Triste rotina

Por dia, pelo menos duas portas automáticas das estações são danificadas. Na maioria dos casos, os estragos são provocados por atos de vandalismo. Porém, também há registros de má utilização do sistema por parte dos usuários – alguns passageiros forçam o mecanismo com as mãos ou se debruçam sobre o vidro.

Os dados são do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), que, em março, concluiu um estudo sobre a situação das 480 portas do modal, espalhadas por todos os corredores da capital mineira. Todas apresentaram falhas, que foram 100% corrigidas, garante o Setra.

O consórcio Transfácil, responsável por gerenciar o Move, informa que, uma vez detectado problema nas portas, a equipe técnica tem até 24 horas para repará-las.

Constatações

Não é difícil encontrar o patrimônio público depredado. Na estação IAPI, na Antônio Carlos, parte da estrutura metálica está danificada e pichada. Mais adiante, no terminal Operários, o conjunto de monitores utilizado para informar o tempo de espera não funciona.

O problema é comum no ponto de transferência Senai. Cartazes informam que vândalos estragaram os equipamentos de vídeo e que não há prazo para a solução.

Na estação São Francisco, ainda na avenida Antônio Carlos, lâmpadas foram quebradas. “É raro o dia em que passageiro encontra o terminal todo iluminado. Vamos ver até quando as câmeras de segurança irão resistir”, afirma o operador de empilhadeira Francisco Pereira Lopes, de 45 anos.

Demais corredores

O mesmo cenário de deterioração é encontrado nas estações da avenida Cristiano Machado. Os casos mais comuns também são de monitores danificados. No terminal de transferência da Feira dos Produtores, lixeiras foram roubadas.

Em praticamente todas as estações, os sensores de aproximação dos ônibus, que possibilitam a abertura das portas, carecem de reparos. Revoltados, alguns usuários chegam a chutar os acessos de vidro na tentativa de forçar a passagem. Em outros casos, a trepidação causada pelo trânsito de ônibus em velocidade mais alta acaba por acionar as portas.

Galeria de fotos

Reparo em monitores só após medidas de segurança

Implantados para oferecer comodidade aos usuários, mostrando o tempo de espera dos coletivos, os monitores no interior das estações também são alvo constante da bandidagem. Mais de 20% das TVs estão inoperantes. Dos 250 equipamentos, 55 foram quebrados. Além do número crescer a cada dia, não há a menor expectativa de reparo.

O Setra informou que só vai trocar ou consertar os aparelhos após a adoção de medidas de segurança pela BHTrans ou PM. Todas as gravações com as depredações do sistema têm sido fornecidas à polícia para ajudar na identificação e punição dos autores.

Para o especialista em segurança pública do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da UFMG, Frederico Couto Marinho, a falta de vigilância, além de causar insegurança, favorece à depredação.

Para ele, somente a presença física constante de seguranças privados poderá levar à diminuição de crimes e danos ao patrimônio.

As concessionárias que operam o sistema são responsáveis por custos relacionados à bilheteria, sistema de acesso, manutenção das linhas, catraca, portas automáticas, dentre outros. Já equipamentos como extintores de incêndio são de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte. Por se tratar de administração pública, as reposições carecem de processos licitatórios e, nem sempre, podem ser feitas imediatamente.

Resposta

Em nota, a BHTrans admite que os estudos realizados no planejamento do sistema não indicavam a perspectiva de vandalismo como tem acontecido e “previa-se que as atuações da Polícia Militar e da Guarda Municipal seriam suficientes para coibir a eventual má utilização”.

Segundo a empresa, as estações estão sendo monitoradas pela Guarda e PM. Um trabalho de conscientização junto aos usuários também está sendo realizado por meio do sistema de som dos terminais e do Jornal do Ônibus.

Ainda conforme a BHTrans, está em processo uma licitação para a contratação de diversos serviços relativos à manutenção dos terminais de transferência. Atualmente, estão sendo providenciadas ações prioritárias como vigilância e limpeza.

Até o fim do primeiro semestre, outros serviços serão contratados, envolvendo, inclusive, manutenção da estrutura externa.


Confira vídeos de vandalismo no Move:

Depredação dos monitores 



Depredação das portas nas estações

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