Não há punição para policias suspeitos de matar no Vale do Aço, denuncia deputado

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
09/05/2013 às 07:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:31

A transferência de policiais civis e militares suspeitos de envolvimento em diversos homicídios no Vale do Aço já estaria sendo cogitada pelas corporações. A afirmação é do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Durval Ângelo, que pede o encaminhamento do caso à Polícia Federal para ser apurado com mais isenção.

“Até o momento, não há nenhuma ação efetiva para apurar os casos. As prisões feitas até agora só contemplaram cargos de baixo escalão e não atingem delegados e políticos envolvidos nas chacinas”, afirma o deputado. As transferências, que seriam definidas nos próximos dias pelas polícias, também são questionadas pelo presidente da comissão.

“As corporações não punem ninguém, transferem. É a maneira usada para correção e garantir que a poeira baixe”, alega Durval Ângelo. A Polícia Militar nega a adoção desse tipo de procedimento. A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, durante toda a tarde de ontem, mas o telefone estava ocupado ou ninguém atendia à ligação.

Quinta-feira foram cumpridos, em Ipatinga, 12 mandados de busca e apreensão nas casas de suspeitos de participação nas mortes.

Três homens foram presos em flagrante por porte ilegal de armas. Além disso, foram apreendidas cinco armas (três revólveres e duas espingardas), munições e recolhidos novas informações capazes de ajudar na investigação de 14 crimes cometidos no Vale do Aço.

Mobilização

A operação contou com a participação de mais de 50 policiais civis deslocados de Belo Horizonte.

O chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), Wagner Pinto, negou que os três presos fossem policiais. Eles foram ouvidos na delegacia de Ipatinga ainda na tarde de quarta-feira (08).

Para o delegado, a operação foi “muito proveitosa”. Segundo ele, em nota divulgada na tarde de ontem, o objetivo era coletar provas do envolvimento de pessoas suspeitas dos crimes. E, nesse aspecto, a operação representou “uma etapa muito importante para o avanço dos inquéritos”.

Uma força-tarefa entre a polícia, Ministério Público e Poder Judiciário foi montada para tentar solucionar os casos, após o assassinato do jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, no dia 8 de março, e do fotógrafo Walgney Assis Carvalho, no dia 14 de abril.

“De lá para cá, muito pouco ou quase nada foi feito. Os culpados, de altas patentes e cargos, continuam soltos”, denuncia Durval Ângelo.
 

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