Doença ataca bovino e causa a morte de 500 cabeças em Minas

Raul Mariano - Hoje em Dia
19/08/2014 às 07:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:51
 (Arquivo/Hoje em Dia)

(Arquivo/Hoje em Dia)

Pecuaristas da região Central do Estado contabilizam os prejuízos causados pelo surto de Tripanossomose bovina, que nas últimas duas semanas já matou cerca de 500 animais e reduziu a produção leiteira em cerca de 60%, de acordo com estimativa do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

A doença, provocada pelo protozoário Tripanossoma vivaz, causa anemia no gado, que deixa de se alimentar após a infecção e morre em até cinco dias.

Os primeiros registros da doença no Brasil ocorreram no Pará, em 1972. Nas décadas seguintes, novos casos surgiram no Amapá, Mato Grosso e, em 2008, houve o primeiro registro em Minas Gerais.

Para Kênia Silva Guimarães, coordenadora regional do IMA, as razões para o aumento de casos da doença têm ligação com procedimentos realizados pelos próprios produtores. “Além do mosquito que transmite a doença, o uso compartilhado de agulhas em vários animais é muito comum, principalmente nas regiões leiteiras. Por isso, é importante observar as orientações da vigilância sanitária dentro das propriedades”, alerta.

Além da preocupação com uma possível expansão do surto para outras regiões, produtores alegam que o enfrentamento à doença se torna mais difícil porque o medicamento eficaz no combate ao protozoário não pode ser comercializado no país.

A droga feita à base de cloreto de isometamidium é fabricada por um laboratório francês e comprada na Venezuela. Porém, por não ser reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento, não está disponível no mercado brasileiro.

O remédio disponível atualmente, à base de diminazeno, não tem sido eficaz, de acordo com pecuaristas. “A situação acaba fazendo com que produtores tomem atitudes extremas e procurem o mercado negro para adquirir o medicamento que traz resultados”, afirma Kênia Guimarães.

Para conseguirem autorização para importar o medicamento considerado ideal no combate à doença, os produtores precisam solicitar ao Ministério da Agricultura, em Brasília.

De acordo com Theomar Silva, chefe de Fiscalização de Insumos Pecuários do Ministério da Agricultura em Belo Horizonte, a importação de grandes quantidades do medicamento está limitada a ocasiões específicas, como pesquisas científicas e programas especiais de defesa animal.

“A importação é autorizada em pequenas quantidades para pessoas físicas. No caso dos produtores mineiros, que querem comprar grandes quantidades por meio de cooperativas, é necessário formalizar o pedido junto ao Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários, na Coordenação de Produtos Veterinários, em Brasília”, explica Theomar. “Além disso, não houve, até o momento, pedido de nenhuma empresa para registrar o produto no Brasil”, ressalta.

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