Morre Garcia e o jeitão de fazer política sem confronto

07/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:46

Avesso a pompas e circunstâncias, o ex-governador Hélio Garcia foi velado, nessa segunda-feira (6), em Belo Horizonte, como queria, sem palácios, do governo ou da Assembleia Legislativa.

Como tinha pavor a velórios, um de seus últimos pedidos era de ter uma cerimônia simples, sem discursos e rápida. Apesar disso, sua despedida teve a presença política e suprapartidária do PMDB (ex-governador Newton Cardoso e vice-governador Antônio Andrade), PSDB (senador Aécio Neves) e do PT (governador Fernando Pimentel), dentre outros, além de populares.

Intuitivo, e até folclórico, Garcia ou doutor Hélio, como era mais conhecido, tinha jeitão próprio de fazer política, um dos últimos da tradicional escola mineira. Foi deputado discreto e não confrontou os governos militares, mas coube a ele, sob a liderança do ex-presidente Tancredo Neves (PMDB), a operação política que decretou o fim da continuidade da ditadura (ainda que civil).

Juntos, eles derrotaram o candidato governista, Eliseu Resende (PDS), ao Governo de Minas, em 1982. Em seu primeiro mandato como governador de Minas, Garcia comandou as articulações que elegeram Tancredo presidente, por meio da eleição indireta no colégio eleitoral, em 1985. 

Quando perguntado que candidato apoiaria em eleições municipais, dizia que iria esperar o resultado das apurações e apoiaria o prefeito eleito. Em outra ocasião, quando diziam que ele não elegeria nem síndico de condomínio, que a bebida tinha acabado com ele (outra fama que o acompanhou), afirmava que “eleição, a gente ganha depois da parada (7 de setembro)”. E assim fez, por duas vezes, elegendo o sucessor, virando a disputa em menos de 40 dias. 

Pressionados por problemas, como greve de servidores, seus secretários recorriam a ele apelando por ajuda, saía-se com essa: “eu te nomeei para me trazer soluções, não os problemas”. Na posse de secretariado, sempre avisava: “a caneta que nomeia é a mesma que exonera”. Vai-se um estilo de fazer política sem confronto. 

Montanha de dinheiro na Praça 7

No quinto dia útil, quando os servidores deveriam receber seus salários, os auditores fiscais da receita estadual realizam protesto atípico, nesta terça-feira (7), em quatro pontos estratégicos da capital mineira: Cidade Administrativa, no Centro (Praça 7), na Assembleia Legislativa e na Avenida do Contorno. 

Levarão consigo uma “montanha de dinheiro” e distribuirão moedas de chocolate para manifestar indignação contra o que chamam de omissão do governo mineiro com relação à sonegação fiscal e falta de investimentos na fiscalização tributária. A montanha de dinheiro simboliza o montante de recursos que deixam de ser recuperados para o caixa do Estado com a falta de combate à sonegação fiscal. 

Além disso, de acordo com Lindolfo Fernandes, presidente do sindicato dos fiscais, enquanto grandes contribuintes recebem benefícios fiscais, bens e serviços essenciais são tributados pelo governo com altas alíquotas de imposto (ICMS), como na energia elétrica residencial (30%) e de comunicações (telefonia, internet, etc), reajustado para 27% no início deste ano. 

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