Noberto Mânica e José Alberto são condenados a 196 anos de prisão pela Chacina de Unaí

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
30/10/2015 às 22:45.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:17
 (Eugenio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugenio Moraes/Hoje em Dia)

Quase 12 anos após o crime, o fazendeiro Norberto Mânica e o produtor rural José Alberto de Castro, conhecido como Zezinho, foram condenados pelo assassinato de três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego. Mânica, que chegou a ser conhecido como o “Rei do Feijão”, teve a pena fixada em 100 anos de prisão, mas, por já ter ficado detido anteriormente, terá que cumprir 98 anos, seis meses e 24 dias.

A pena de José Alberto foi fixada em 96 anos, cinco meses e 22 dias, já levando em consideração o tempo em que ele ficou preso. Apesar da condenação, os réus poderão recorrer da sentença em liberdade.

As penalidades foram proferidas no fim da noite de ontem, após quatro dias de julgamento na Justiça Federal em Belo Horizonte. A decisão causou surpresa nos réus, que estavam cabisbaixos e abatidos, enquanto o juiz federal Murilo Fernandes lia a sentença.

No plenário do tribunal, fiscais do trabalho que acompanharam o júri desde o primeiro dia comemoraram a pena aplicada e gritaram por justiça. Os trabalhadores da área e familiares cobram desde 2004 um desfecho para o caso, que acabou conhecido como Chacina de Unaí.

Apesar de ter negado o crime durante todo o tempo, inclusive no depoimento que prestou durante o julgamento, a hipótese de inocência de Norberto Mânica, defendida por ele e pelos advogados de defesa, acabou fracassada. O fazendeiro chegou a dizer no interrogatório que achava o fiscal Nelson José da Silva, por cujo assassinato foi condenado, “gente boa e honesto”. Mânica ainda disse que “se não fosse para o céu, estaria pertinho”.

Na tentativa de excluir a culpa pelo assassinato das outras três vítimas, José Alberto confessou participação apenas no assassinato de Nelson, mas acabou sendo considerado culpado por todas as mortes. Na interpretação da acusação, que acabou sendo acolhida pelos membros do júri, composto por quatro mulheres e três homens, o réu teve responsabilidade pela execução dos quatro servidores.

A delação premiada de outro réu do caso, o cerealista Hugo Pimenta, acabou valendo como arma para os representantes do Ministério Público Federal (MPF), que exploraram bastante o depoimento que incriminava Norberto Mânica e José Alberto.

Em troca de uma redução na pena, Hugo Pimenta contou durante o julgamento que o crime foi arquitetado por Norberto Mânica, que queria se livrar do fiscal por sua investigação de trabalho escravo na fazenda. Para isso, contou com a ajuda de José Alberto, que fez contato com os executores.

Assista ao momento da condenação:

Confira a galeria de imagens ao fim do julgamento:

Crime

Em 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados em Unaí, região Noroeste de Minas. O quarteto foi executado enquanto seguia para fiscalizar fazendas no município. Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os mandantes foram os irmãos fazendeiros Norberto e Antério Mânica. Os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro foram acusados de intermediários do assassinato.

Confissão

Na quinta-feira (29), no terceiro dia de julgamento, José Alberto Castro confessou ter intermediado um dos assassinatos. O assistente da acusação, Antônio Francisco Patente, pediu a condenação dele por participação em todos as mortes."Foi uma confissão estratégica, com a expectativa subliminar de beneficiar o topo da cadeia", disse.

Mas para o advogado de Castro, Cleber Lopes, ninguém pode questionar a veracidade da confissão do réu. "Foi um ato de dignidade", afirmou.

Crime

Em 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados em Unaí, região Noroeste de Minas. O quarteto foi executado enquanto seguia para fiscalizar fazendas no município. Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os mandantes foram os irmãos fazendeiros Norberto e Antério Mânica. Os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro foram acusados de intermediários do assassinato.


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