Livros edificantes, sobre o quanto um animal conseguiu, involuntariamente, modificar o entorno – geralmente descrito sob matizes sombrios – com sua simples presença. Sim, são vários, os títulos que se enquadram nesta descrição, e o montante aumenta a cada mês, sinalizando que o interesse por parte do público leitor está longe de apresentar sinais de esgotamento. A maioria, cumpre dizer, não tem pretensões literárias. Mas, apesar de certamente fazerem a crítica torcer o nariz, quando não ignorar, há curiosidades neste universo e até – por quê não? – boas surpresas.

Caso de “John & George – O Cão que Mudou Minha Vida” (Fábrica 321, 320 páginas, R$ 34,50). Literariamente, não há, aqui, lastro. Tampouco grandes novidades no que tange à aproximação de John Dolan com o cãozinho George – aliás, remete, de imediato, à história de Bob, o gato que transformou a vida do artista sem-teto James Bowen, em Londres.

Como Bowen, Dolan também é britânico. No início do livro, o autor-personagem encontra-se em situação lastimável, a ponto de dar razão aos que, à aproximação de sua figura, se afastam, nas ruas – reconhece que o cheiro que exala não é dos melhores, para não dizer o estado em que se encontram seus dentes. Após hospedar um casal sem teto, ele “herda” o bull terrier. E como seu compatriota com Bob, passa a ter uma vida a cuidar.

Talento

Voltamos, então, à palavra presente na primeira linha desse texto: edificante. Até aí, tudo dentro do script. O “più” que o livro oferece é o fato de Dolan ter se transformado em um artista conceituado... graças a George. Óbvio ululante, o cara já tinha o dom de desenhar, mas foi o fato de incorporar o cachorro que despertou a atenção que fez com que, em 2013, passasse a se tornar conhecido ao ponto de, hoje, expor em galerias.

Basta conferir o site johndolan.com para se certificar que não se trata de balela, os bons serviços prestados por John às artes – com o devido crédito a little George.
 

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