Deficientes visuais enfrentam as barreiras da mobilidade e votam em BH

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
05/10/2014 às 14:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:28
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Apesar das aparentes dificuldades, sobretudo no que diz respeito à mobilidade urbana na capital, centenas de deficientes visuais que moram em Belo Horizonte fizeram questão de exercer o direito ao voto e foram às urnas do Instituto São Rafael, neste domingo (5). A escola é uma das 221 zonas eleitorais adaptadas para deficientes visuais, da capital.
 
Mesário pelo segundo ano consecutivo, o funcionário público Neuton José dos Santos, se diz realizado auxiliando os eleitores na hora de votar. "Acho fundamental que todos os cidadãos votem e, no meu lugar, auxiliando e direcionando as pessoas, me sinto ainda melhor", afirmou.
 
Em todo o estado, a votação em urnas equipadas com fones de ouvido, adaptadas para eleitores com deficiência visual, será possível em 1.851 seções. Deste total, 221 estão em Belo Horizonte, conforme o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Grande parte dos deficientes de BH dão preferência ao Instituto São Rafael, na avenida Augusto de Lima, no Centro.
 
A professora Luzia Rosilene, de 36 anos, moradora de Contagem, na Grande BH, não poupou esforços para escolher os candidatos que deseja ver no governo, a partir do ano que vem. "Faço questão absoluta de votar e acho que todos deveriam pensar da mesma forma", disse, enquanto organizava os documentos para entrar na cabine de votação. Luzia é deficiente visual total desde que nasceu.
 
O psicólogo Júlio Eduardo da Silva Couto, de 37 anos, também engrossou o coro de quem acredita no poder do voto, independentemente das circunstâncias. Saiu do bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste, e foi, sozinho e de ônibus, votar. "Ao contrário do que muita gente pensa, não há dificuldade nenhuma para nós, deficientes visuais. É importante, sim, votar e saber que está exercendo a cidadania", afirmou.
 
O Instituto São Rafael tem quatro seções para deficientes visuais, inclusive com mesários nas mesmas condições. As urnas, além dos teclados em braile, são adaptadas com mensagens em áudio para confirmar o voto. Esta é a primeira vez que as urnas brasileiras são equipadas com um programa de áudio para facilitar o voto dos eleitores com deficiência visual. A urna eletrônica possibilita que o eleitor escute o que está sendo digitado na hora do voto. Para ter acesso à ferramenta, um fone de ouvido é disponibilizado em cada seção eleitoral.

Em Minas Gerais, 18.966 eleitores declararam algum tipo de deficiência. No Brasil, são 378.806 pessoas.

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