Resgate de jardins de Burle Marx, na região da Pampulha, esbarra no vandalismo

Renato Fonseca - Hoje em Dia
11/01/2015 às 09:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:38
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Após longa espera, de exatamente sete décadas, o que era para ser um resgate da história e uma nova joia para compor o precioso conjunto arquitetônico da Pampulha se tornou sinônimo de descaso e vandalismo. Antes mesmo de ser oficialmente inaugurada, a praça Alberto Dalva Simão, na avenida Otacílio Negrão de Lima, próximo à Casa do Baile, está depredada e clama por socorro.   Cerca de R$ 750 mil foram investidos em vão. Luminárias destruídas, fiação roubada, fonte quebrada, entulho, plantas danificadas e mato alto são alguns dos problemas aparentes na área de aproximadamente 5 mil metros quadrados. O pergolado – construção ornamentada por trepadeiras e assentada em pilares – está pichado e até moradores de rua têm utilizado o espaço para dormir, cozinhar e se aquecer. Há marcas de fogueiras feitas e restos de alimentos no local.    O espaço foi pensado em 1945 pelo paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx (1909–1994). O projeto original, porém, ficou engavetado durante todos esses anos e só foi retomado em março de 2014, pela Fundação Municipal de Cultura (FMC). A obra seria finalizada em dezembro passado, mas demandará novas intervenções e não há previsão de entrega.   A construção do espaço, idealizado para harmonizar concreto e natureza, integra o plano de ação da Prefeitura de Belo Horizonte para tornar a orla Patrimônio da Humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).    O resgate do projeto de Burle Marx ficou sob responsabilidade do arquiteto, urbanista e paisagista Ricardo Lanna. Inconformado com a depredação do espaço, ele defende a criação de um parque no local.    Para a Fundação Municipal de Cultura, a proposta está descartada. Segundo a FMC, a previsão de término das próximas intervenções é de até quatro meses, mas a obra só será retomada quando houver garantias de que o local não seja mais alvo de vandalismo. “Recuperar o jardim significa reviver a áurea da década de 1940. Porém, é preciso colocar vigias no local, e a Fundação já fez a solicitação”, disse o presidente da FMC, Leônidas Oliveira.   A responsabilidade pela manutenção do espaço é da Regional Pampulha. O órgão foi procurado, mas não respondeu aos questionamentos do Hoje em Dia.   HISTÓRIA   O jardim da praça Dalva Simão será o quinto assinado por Burle Marx, na Pampulha. Integram o acervo paisagístico os traçados e plantas do Museu de Arte, Igreja São Francisco de Assis, Casa Kubitschek e Casa do Baile.

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