Ilusionismo ganha espaço em BH, e cidade “exporta” feras da magia até para SP

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
15/02/2015 às 09:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:02
 (Reprodução)

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Como não voltar para casa com a pulga atrás da orelha após assistir a um bom truque? Mágicas bem-feitas intrigam qualquer espectador, mas em Belo Horizonte é possível encontrar ilusionistas dispostos a revelar pelo menos alguns segredos. Cada vez mais comuns na capital, fazem parte de uma turma que descobriu na magia não só uma profissão como um belo filão de mercado.

O resultado é que o reduto dos mágicos, hoje, vai muito além dos aniversários da criançada. Inclui bares, festas de casamento e até empresas, onde a agilidade e a destreza dos ilusionistas incrementam palestras motivacionais.

“Somos muitos por aqui. Mas hoje vivo apenas de mágica”, diz Deivid Freitas, mostrando que, ao menos por enquanto, há espaço suficiente para quem se aventura pelo nicho em BH. Ele, por exemplo, faz sucesso na noite se apresentando principalmente em botecos para uma clientela de marmanjos.

A magia mineira também atravessou o Estado. Em 2015, foi parar até no sambódromo de São Paulo, no desfile da escola de samba Rosas de Ouro, uma das mais famosas por lá.

Coube ao mágico belo-horizontino Henry Vargas, de 23 anos, e aos colegas de profissão Klauss e Renner a responsabilidade de criar efeitos de mágica com LED e truques de ilusionismo de ponta que foram o diferencial da comissão de frente e do carro abre-alas da agremiação. Este ano, a Rosas de Ouro abordou na avenida o mundo da fantasia.

“Nossa consultoria foi além do conhecimento sobre mágica. Envolveu e conciliou várias questões que passaram por coreografia, enredo, figurino, cores e até a própria estrutura (do carro)”, diz Henry. Foram quatro meses de dedicação da dupla.

Com a expectativa de ter conseguido surpreender o público e a comissão julgadora durante o desfile, na madrugada de ontem, o ilusionista aguarda ansioso o resultado do Carnaval paulista. Até lá, garante que o maior segredo não é exatamente um truque.

“A mágica é uma arte cênica como qualquer outra e tem como objetivo provocar o assombro, esse sentimento da perda da lógica, das noções, do sentido. É quando a gente vê o truque e pensa: ‘Como ele fez isso? É impossível’”, diz. “Meu maior segredo é tornar isso real. Levar a beleza do assombro e do encanto para o público”.



Trabalho duro, preparação e oportunidade para a carreira deslanchar

Longe das escolas de samba, mas bem perto do público, Deivid Freitas e Mister Jack fazem sucesso em Belo Horizonte – porém admitem que nem tudo é encanto no mundo da magia.

Apesar de a atividade dar retorno financeiro, Freitas lamenta que até hoje o ilusionismo, a exemplo de outras manifestações artísticas, não receba, no Brasil, a atenção e o valor merecidos.

Por isso, oportunidade e preparação profissional fazem bastante diferença. “É curioso que muitos mágicos tenham oportunidade, mas não preparação. Outros que teriam tudo para serem superestrelas não conseguem uma chance real”.

Como conseguir, então, um diferencial? “Quando vi o primeiro show de ilusionismo numa praça de BH, fiquei deslumbrado com a habilidade dos artistas. Além de serem muito bons, eram também divertidos. Foi justamente por aquele bom-humor que eu me apaixonei. Acredito sinceramente que quando fazemos algo que amamos com alegria, nos tornamos únicos”, afirma Freitas.

PERCALÇOS


Para Mister Jack, de 35 anos, e que há 18 faz da mágica o próprio ganha-pão, é preciso encarar os altos e baixos da profissão. “Como em qualquer outra, você tem que trabalhar duro para fazer clientela, além de mostrar muita qualidade”.

Mister Jack diz que a maior parte dos mágicos inicia a carreira com shows infantis, o que faz das crianças o maior público do mercado nacional.

“Há quem escolha trabalhar com adultos, que é o meu caso. E tem muita gente enveredando para o mundo corporativo. São inúmeras variantes e existe mercado para todo mundo”, afirma.

Para quem se animou a abraçar o ramo, segue a dica: “Ser mágico exige uma dedicação exacerbada. Requer estudo, tempo, treino, paciência, ensaios, dinheiro, criatividade, originalidade. Uma coisa é você gostar de mágica, outra é você gostar de fazer mágica. Acho que é por isso que há poucos mágicos bons. Depois de ver a dificuldade, a maioria desiste”, diz Mister Jack.  

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