Paralisação de caminhoneiros continua em pelo menos 5 trechos de rodovias mineiras

Hoje em Dia*
10/11/2015 às 07:47.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:24
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

A paralisação de caminhoneiros iniciada na madrugada de segunda-feira (9) em cinco trechos de rodovias mineiras e por pelo menos mais oito Estados brasileiros continua, mesmo com uma adesão baixa.

Na manhã desta terça-feira (10), a categoria segue em protesto na BR-040, na altura do Km 558, em Nova Lima. Duas das três pistas, sentido Rio de Janeiro, estão tomadas pelos manifestantes. No sentido Belo Horizonte, uma pista está interditada. O trânsito é bastante lento próximo ao Alphaville. Em um dos pontos os manifestantes chegaram a atear fogo em pneus.

Dentre as reivindicações dos motoristas que aderiram ao movimento, estão a redução do preço do óleo diesel, a criação de preços tabelados para os fretes e a saída da presidente Dilma Rousseff.

O Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Minas Gerais (Sinditac) se posicionou contrário à paralisação. Por meio de nota, o presidente da entidade, Antônio Reis, afirmou que o grupo “não está participando desta greve que tem cunho exclusivamente político”. Ele afirma que não houve discussão de pauta entre os caminhoneiros e nem consenso da maioria.

O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, reprova também a forma adotada para realização do protesto e afirma que, dessa maneira, não há possibilidades de negociação com o governo.

“Não há lideranças. O que estamos observando são apenas discussões nas redes sociais. O Comando Nacional do Transporte é uma criação sem CNPJ. É um movimento que vai trazer muito transtorno, mas pouco resultado positivo. Muitos motoristas estão parados mais por medo de sofrerem retaliação do que por apoio ao movimento”, afirma.

Na segunda, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que os caminhoneiros que interditarem as estradas serão multados em R$ 1.915,00. A polícia também foi orientada a desobstruir as estradas e garantir a segurança dos caminhoneiros que quiserem trabalhar.

Um dos líderes da categoria e organizador da paralisação que ocorre por prazo indeterminado, Ivar Schmidt afirma que a luta é pela renúncia da presidente Dilma Rousseff. Ele está à frente do “Comando Nacional do Transporte” e garante que os caminhoneiros, agora, somente vão negociar “com o próximo governante”. Ivar mora em Mossoró (RN) e nega qualquer vínculo partidário. Entidades representativas das empresas de carga e dos próprios caminhoneiros autônomos não declararam apoio ao ato encabeçado pelo Comando Nacional do Transporte – o movimento é independente e fomenta o ato por meio de redes sociais.

Desabastecimento pode encarecer insumos se greve persistir

A perda de produtos perecíveis é o maior temor de empresas ligadas ao setor de alimentos. Com o risco de os caminhões permanecerem mais tempo na estrada devido ao fechamento das vias, varejistas podem reduzir o volume de compras de itens como os hortifrutigranjeiros.

De acordo com o chefe do Departamento Técnico da CeasaMinas, Wilson Guide, uma possível escassez de fornecimento pode acarretar até mesmo aumento de preço, caso a paralisação dos caminhoneiros ganhe força nos próximos dias.

Guide explica que produtos cultivados em regiões vizinhas à Belo Horizonte representam menos riscos. Porém, produtos como batata e tomate, que são cultivados em locais mais distantes, estão mais suscetíveis aos prejuízos de uma demora no transporte.

“Ainda é cedo para medirmos impactos reais, mas compradores já estão com receio de ficarem parados nas estradas e, por isso, tendem a comprar menos. A própria questão psicológica pode influenciar na formação de preços. Algo que certamente será repassado para o consumidor. No entanto, tudo vai depender de quanto tempo vai durar a greve e qual será sua efetividade no Estado”, avalia.

Para o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Sérgio Guerra, o atraso da chegada de insumos à indústria também é um risco real.

“A indústria tem os custos aumentados e a dinâmica da produção é afetada à medida em que matérias -primas não chegam no momento esperado. Mas ainda é cedo para fazemos avaliações certeiras”, afirmou.

Confira os pontos interditados segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF)

Os pontos em situação de interdição parcial, ou seja, onde os manifestantes retém apenas caminhões e libera a passagem para ônibus, veículos de passeio e ambulância, são:

GOIÁS

Jataí (BR-364)
Anápolis (BR-153)
Mineiros (BR-158)

MINAS GERAIS

João Monlevade (BR-381)
Igarapé (BR-381)
Conselheiro Lafaiete (BR-040)
Nova Lima (BR-040)
Perdões (BR-381)


PARANÁ

Apucarana (BR-376)
Nova Esperança (BR-376)
Ibaiti (BR-153)
Paranavaí (BR-376)
União da Vitória (BR-476)
Coronel Vivida (BR-373)
Capitão Leônida Marques (BR-163)
Medianeira (BR-277)
Campo Lar (BR-277)
Cambé (BR-369)
Cornélio Procó (BR-369)

SANTA CATARINA

São Bento do Sul (BR-280)
Papanduva (BR-116)
Santa Cecília (BR-116)

TOCANTIS

Colinas do Tocntis (BR-153)

Pontos com interdição total, ou seja, não passa nenhum um tipo de veículo

BAHIA

Juazeiro (BR-407)

CEARÁ

Russas (BR-116)

PERNAMBUCO

Petrolina (BR-407)

RIO GRANDE DO SUL

Vacaria (BR-116)
Três Cachoeiras (BR-101)

* Com informações dos repórteres Bruno Moreno e Renato Fonseca - Hoje em Dia

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