Matriz da Helibras limita mercado da filial mineira

Bruno Porto - Hoje em Dia
04/05/2014 às 07:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:25
 (FELIPE CHRIST/HELIBRAS )

(FELIPE CHRIST/HELIBRAS )

Ainda vai levar tempo para que se concretize a promessa de transformar a fábrica de helicópteros da Helibras, em Itajubá, no Sul de Minas, em uma plataforma de exportação para a América Latina e África, como contrapartida à encomenda de 50 helicópteros militares EC-725 pelas Forças Armadas brasileiras por € 1,9 bilhão. Passados quatro anos desde que executivos da controladora da Helibras – Eurocopter, hoje renomeada Airbus Helicopters – anunciaram os planos de expansão da filial, o que se vê é uma investida da matriz na região, fechando contratos de venda de modelos similares aos produzidos em Itajubá.   Os lances mais recentes foram os anúncios de contratos no Peru e na Bolívia. No Peru, por exemplo, uma parceria com a Vector Aerospace culminou em uma nova versão de aeronave, o AS 332C1, da família Super Puma, e outros modelos estão em desenvolvimento. Para a Bolívia, foi fechado contrato para fornecimento de seis modelos AS 332 para uso militar, com entrega dos dois primeiros até 2016.   Ao aproveitar as oportunidades no mercado latino-americano, a matriz da Helibras praticamente limita o acesso da subsidiária aos potenciais clientes, já que aeronaves são bens que têm vida útil longa – 30 anos ou mais. Além disso, os modelos vendidos se enquadram em categoria similar à dos EC 725 (militar) e EC 225 (civil) que passaram a ser montados em Itajubá após a encomenda do governo brasileiro.   A assessoria de imprensa da Helibras informou que as linhas de montagem estão 100% ocupadas com a encomenda das aeronaves EC 725 das Forças Armadas brasileiras. A partir de 2017, quando se encerra o contrato, a unidade terá condições de produzir para o mercado externo   A prioridade da Helibras nas exportações à América Latina e África foi apresentada em 19 de março de 2010 pelo então ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante a solenidade que lançou as obras de expansão em Itajubá, como uma das condições do acordo de cooperação firmado entre o Brasil e a França.   O pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, Expedito Carlos Stephani Bastos, demonstra ceticismo quanto ao potencial de a Helibras se tornar uma base exportadora. “A estratégia é montar as aeronaves aqui porque é mais barato, e por vantagens logísticas. Não haverá exportação de aeronave nacional, porque não existe aeronave nacional, ela só é montada aqui. Mesmo que a matriz considere exportar via Itajubá, vejo aí um erro estratégico, porque não há escala para competir nesse mercado muito concorrido”, diz. 

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