Queda acumulada na produção mineira atingiu 7,4% nos primeiros 5 meses do ano

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
11/07/2015 às 07:43.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:51
 (Arte HD)

(Arte HD)

A combinação de falta de confiança no país, inflação, desemprego e juros em alta resultou em mais uma rasteira na indústria do Brasil e de Minas Gerais. E as perspectivas, de acordo com empresários, são de novos tombos. A produção industrial brasileira encolheu 6,9% nos primeiros cinco meses do ano, frente a igual período de 2014, com perdas em 13 dos 15 locais analisados.   Dependente de commodities como minério de ferro, que anda em baixa no mercado, Minas aparece como um dos destaques negativos. Nos parques industriais do Estado, a queda acumulada de janeiro a maio deste ano chegou a 7,4%, com 12 dos 13 ramos pesquisados com recuo na produção.   Espécie de termômetro da economia, a fabricação de máquinas e equipamentos é um dos mais atingidos. Segundo o IBGE, o setor amarga um resultado negativo de 36% nos primeiros cinco meses de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado.   “Está tudo parado. Não há nem coragem nem motivo para investir neste país”, desabafa o presidente do Sindicato da Indústria Mecânica do Estado de Minas Gerais (Sindmec), Petrônio Machado Zica.   O cenário descrito por ele é de pouca carga de trabalho, encomendas escassas e expectativas ruins. “Os clientes sumiram. O investimento em novos equipamentos está estagnado e até a manutenção está sendo postergada”, lamenta Zica, que acredita em um panorama ainda pior até dezembro, além de um 2016 “azedo”, pelo menos até meados do ano.   O setor de bens de capital é o um dos que mais sofre com o adoecimento da economia porque depende principalmente da mineração e da siderurgia para engrenar. “O problema é que o país está em recessão”, destaca o presidente do Sindmec.   Outro impacto negativo vem do segmento de veículos automotores, pressionado pela marcha a ré na fabricação de carros e caminhões.   Produtos de minerais não metálicos (-13,7%), de metal (-11,0%) e têxteis (-18,2%) também padeceram com quedas. O único setor que saiu ileso foi a fabricação de produtos de fumo, com crescimento de 2,2% de janeiro a maio.   “Os dados são ruins e ficarão ainda piores no segundo semestre. O ajuste fiscal é recessivo e paralelamente a ele não foi colocada em prática nenhuma medida mitigadora para aliviar as empresas até o período crítico passar”, observa o presidente do Conselho de Política Econômica da Fiemg, Lincoln Gonçalves.   Novo recuo em Minas é a 14ª taxa negativa consecutiva no confronto mês a mês   A atividade fabril mineira, ao recuar 7,2% no índice mensal de maio de 2015, em relação a igual mês do ano anterior, marcou a 14ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de confronto. Nessa base de comparação, os resultados mais indigestos partiram da fabricação de produtos têxteis, com recuo de 33%, e produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, que despencou 29,4%.   No país, a queda no período foi de 6,9% na indústria geral. As piores derrapadas foram sentidas pelos fabricantes de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-29,2%) e de carros e (-22,3%).   “Os números por si só mostram o grave problema da indústria no Brasil e em Minas, que dado o grau de dependência de alguns setores, como mineração e veículos, tem resultados ainda piores”, diz o analista do IBGE em Belo Horizonte, Antonio Braz.   Ele chama a atenção para os tombos de 5,8% e 5,3% no acumulado de 12 meses para Minas e para o Brasil, respectivamente. “A queda mês após mês aponta para dificuldades do passado, de agora e também até o final de 2015. O ano vai fechar negativo, não tem outro jeito”, afirma.   Para Braz, a expansão da produção industrial mineira de 1,3% em maio, frente ao mês imediatamente anterior, na série livre de efeitos sazonais, após registrar três taxas negativas consecutivas neste tipo de comparação, foi apenas um leve suspiro.   Presidente do Presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário no Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG), Michel Aburachid revela que 25% das empresas do setor chegaram a interromper a produção. E pelo menos 30 mil trabalhadores perderam o emprego. Nem o câmbio favorável salvou. “O princípio deste ano foi terrível. A esperança está nos acordos bilaterais com os Estados Unidos”, diz.   Governo eleva taxa de retorno em concessões de rodovias   Os consórcios que ganharem os quatro novos lotes de rodovias federais a serem concedidos à iniciativa privada, em 2015, poderão, em tese, cobrar pedágios mais altos que o das rodovias leiloadas anteriormente. O Ministério da Fazenda atualizou para 9,2% ao ano os parâmetros de cálculo da Taxa Interna de Retorno para os próximos leilões. É uma forma de atrair mais investidores.   O valor de 9,2% será aplicado para o custo médio ponderado de capital, contra taxa de 7,2% ao ano aplicada até agora. A fórmula valerá para as rodovias federais 476, 153, 282 e 480, no Paraná e em Santa Catarina; as BRs 364 e 060, em Goiás e no Mato Grosso; a BR-364, em Goiás e em Minas Gerais, e a BR-163, no Mato Grosso e no Pará.   O custo médio ponderado de capital serve como base para o cálculo da tarifa máxima a ser aplicada nos próximos leilões, que terá como vencedor o consórcio que oferecer a menor tarifa. A justificativa do governo é a de que, como os lotes de rodovias a serem leiloados têm menor movimento que os trechos concedidos até agora, é necessário oferecer uma taxa mais alta para atrair investidores.   Em nota, o Ministério da Fazenda esclareceu que o valor de 9,2% ao ano não corresponde à taxa efetiva de retorno, mas informa que a taxa final de retorno para o investidor ficará próxima desse nível. Em última instância, a taxa efetiva de retorno – o que o investidor ganhará ao ano por explorar a rodovia – dependerá das características da concessão, do acionista e da estrutura de capital do consórcio vencedor.   Nos últimos 16 meses, foram 10 resultados negativos em Minas e no Brasil. A produção industrial mineira registrou, em maio, quedas de 13,3% em relação a julho de 2008, o seu ponto máximo antes da crise mundial, e de 0,1% ante dezembro de 2014. Para o Brasil, para os mesmos períodos, os resultados foram, respectivamente, -9,4% e -2,2%   A fabricação de produtos têxteis em Minas encolheu 5,8% nos últimos 12 meses. No país, no mesmo período, a produção caiu 9%, provocando a dispensa de trabalhadores   No modelo de concessão de rodovias, vence quem oferece a tarifa mais baixa. A maior taxa de retorno, no entanto, atrai mais concorrentes aos leilões   * Com informações da Agência Brasil

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por