Ocupação urbana

26/04/2016 às 21:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:08

A “Praia da Estação”, ocupação festiva e ideológica pelos moradores de uma área bem ao centro de Belo Horizonte, virou um símbolo da democratização do espaço urbano. Outras praças, como a Diogo de Vasconcelos e a da Liberdade já são, há algum tempo, ponto de encontro de pessoas das várias idades e servem também como endereço para atos políticos, protestos, até manifestações de grandes proporções. Nos bairros, há também praças que abrigam as diferentes formas de expressão dos belo-horizontinos, além de servirem como espaço de lazer.

O sucesso do Carnaval na capital mineira também mostra o quanto o cidadão está se apropriando de algo que é seu: o espaço público. Há muito se promove o desfile das escolas de samba, mas o que realmente teve sucesso e colocou Belo Horizonte no calendário carnavalesco do país foram os blocos, nascidos espontaneamente de grupos que tomam conta das ruas no mês de fevereiro.

As varandas urbanas vieram se somar a esses espaços públicos. Construídas por comerciantes, são bonitas e confortáveis, e acabaram virando extensão de restaurantes. O problema é que estão concentradas na região Centro-Sul da cidade e, como apontam críticos do empreendimento, não estão instaladas em frente a escolas nem postos de saúde, priorizando os ambientes gourmet. 

Claro que, se estamos falando de um espaço construído pela iniciativa privada, não há como cobrar a democratização da localização das varandas. Mas a permissão é dada pela prefeitura, o que possibilita uma negociação para que também a periferia seja servida desses belos equipamentos urbanos. Como temos um comércio diversificado em toda a cidade, não é impossível que as varandas sejam espalhadas por diversos bairros, ainda que conservem as características da proximidade com restaurantes e bares. 

O que é comum nas cidades europeias vai ganhado corpo em Belo Horizonte. Nos últimos anos, os moradores da cidade vêm dando lições de civilidade, com manifestações das diversas correntes políticas e festas, especialmente, como dito, o Carnaval de blocos. Isso demonstra o amadurecimento e a força de cada um e o reconhecimento pelo poder público desse direito à ocupação do espaço urbano. Há ainda um longo percurso até a real democratização dos equipamentos, mas a cidade vem ganhando com cada iniciativa que favorece a convivência.

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