Doutor em Direito pela UFMG e Analista Político

Fatos indicam: Lula pavimenta sua derrota em 2026

Publicado em 08/03/2024 às 06:00.

Uma vitória eleitoral não se dá da noite para o dia. É um processo de construção estratégica e planejada, com fatores internos e externos conspirando a favor.

Assim também uma derrota. É um processo de desconstrução constante, motivado por desconsiderar pesquisas e ignorar o sentimento da população, motivado muitas das vezes por arrogância, superdimensionar o respectivo capital político, subjugar adversários e por pensamentos e ideias ultrapassadas.

Em um momento polarizado em que encontramos, nenhuma das forças políticas, lulistas ou bolsonaristas, tem maioria da população. Pode-se dizer que têm algo entre 27% e 33% do eleitorado. Há uma camada fora das bolhas, que se posiciona de forma pendular nas eleições e que define o vencedor. Assim se deu nas eleições de 2018, com a migração de eleitores para Bolsonaro em uma eleição em que a brutal corrupção do petrolão estava na ordem do dia, com Lula e dirigentes do PT envolvidos com incontestes provas. 

Já para o pleito de 2022 houve a perda de parte do capital político de Bolsonaro desde a sua desastrosa forma com que conduziu a pandemia da Covid. Concordando ou não, aliada à sua constante maneira beligerante em lidar com o dia a dia da gestão e na relação com os demais poderes, criou condições para a migração de decisivo setor da população que proporcionou sua derrota.

E a história se repete no Lula 3. Assim como o estilo Bolsonaro agradava, inflamava e mobilizava sua bolha, mas afastava outros segmentos, Lula vem de forma competente atuando apenas para sua bolha, com discursos e ações, e perdendo decisivo capital político de segmento estratégico. Apenas sua bolha não garante vitória em 2026. E Lula e grande parte dos petistas ignoram isso. Vociferam que o “Brasil Voltou” e a democracia e a paz venceram!

A rota está equivocada. Exemplos são inúmeros. Um pensamento ultrapassado de estado desenvolvimentista que ignora o empreendedorismo e evidenciam empresas estatais. Uma visão equivocada do trabalhismo e quanto ao sindicalismo, vide recente posicionamento quanto a volta da contribuição sindical e quanto à regulamentação dos motoristas de aplicativo.

Mais que estranheza, causa indignação e repugnância a interferência de Lula em mudar a direção da Vale, empresa privatizada em 1997. E não satisfeito, afirmou que “Então o que nós queremos é o seguinte: empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É isso que nós queremos". Nós quem? Sim, a sua bolha. Só pode. Este não é o pensamento de mais ninguém.

Falas equivocadas sobre a invasão da Rússia, comparar o holocausto ao conflito de Israel com o Hamas e a insistência na defesa do ditador Maduro na Venezuela, país que tem cerca 300 presos políticos e na semana passada, o governo de Maduro expulsou do país integrantes do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Silêncio ensurdecedor do governo brasileiro quanto a este gravíssimo fato.

Segundo a colunista de O Globo, Malu Gaspar, “Não chega a ser novo ver Lula fingir que não vê os crimes cometidos por ditaduras amigas enquanto denuncia os perpetrados por inimigos geopolíticos”. E mais adiante assevera que “A única explicação possível é que Lula acredita mesmo no que diz e que, para ele, democracia é um conceito relativo. Só é sagrada se for para favorecê-lo. Senão, não faz mesmo diferença.

Aliada aos preços que só aumentam, perceptível no dia a dia dos supermercados e sacolões, Lula vem perdendo capital político, não da sua bolha, por suposto, mas de uma camada da população que atua de forma pendular e que definirá a eleição presidencial polarizada como teremos novamente em 2026.

Números da pesquisa do instituto Quaest divulgada nesta semana atestam isso. De forma ainda lenta mas constante vem crescendo a reprovação ao governo e à forma de Lula governar. A continuar assim e sem mudança de rota do governo, Lula não será um cabo eleitoral decisivo nas eleições municipais deste ano, um prenúncio para a eleição presidencial.

E para 2026, o campo estará fértil e adubado pelo próprio Lula para a vitória de um candidato de centro ou para retorno da direita ao poder.

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