José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Tiradentes, índios e Copa 'Libertadoras' de futebol

Publicado em 24/04/2024 às 06:00.

Na última semana comemoramos duas datas importantes: Dia de Tiradentes e Dia do Índio. Ambos foram importantes na libertação da América Latina.

Nossa historiografia registra a trajetória de muitos índios que se tornaram brasileiros ilustres. O índio Poti, por exemplo, foi educado por jesuítas e se tornou um eloquente orador, com domínio de várias línguas.

No século XVII ele adotou o nome de Felipe Camarão e conquistou um cargo de oficial no nosso incipiente Exército. Assim, tendo o respeito e admiração dos superiores e dos subordinados, tornou-se um dos líderes na guerra contra os holandeses.

Assim como San Martin, Simón Bolívar e Tiradentes, Felipe Camarão é um dos libertadores da América. E as libertadoras? Ah... essas costumam ser esquecidas. Falamos muito sobre D. Pedro I e José Bonifácio, mas nos esquecemos do importante papel da Princesa Leopoldina no processo da Independência.

Nos demais países latino-americanos não é diferente. No México a Família Real do Imperador Montezuma era composta por mulheres de fibra. Uma delas chegou a se casar com um dos conquistadores para fortalecer a aliança política com a Espanha.

Mas, com tantas histórias contadas por homens (referindo-me ao gênero masculino), as mulheres tendem a cair no esquecimento. Afinal, alguém aí sabe me dizer qual foi a importância da esposa de San Martin na libertação da América?

Para corrigir essa injustiça, sugeri à Conmebol – Confederação Sul-americana de Futebol – mudar o nome da competição de futebol feminino na América do Sul. Afinal, por que não homenageamos as libertadoras, isto é, as mulheres que participaram ativamente dos movimentos anticolonialistas?

Espero ouvir em breve os locutores (e locutoras) anunciarem os jogos da “Copa das Libertadoras”. E o que isso tem a ver com os estudos? Ora, tem tudo a ver. Esporte não é apenas saúde, é também emoção. E, sendo emoção, nos faz memorizar mais e melhor.

Você duvida? Então, diga-me o nome de 11 ministros do atual Governo. Você teve dificuldade para responder? Não se preocupe. Eu também tenho. Agora outra pergunta: diga-me os 11 jogadores do time do seu coração. Aí você sabe. E por que você sabe? Porque futebol é emoção.

Então, assim que a Conmebol adotar minha sugestão, rebatizando a disputa no futebol feminino de “Copa das Libertadoras”, passaremos a conhecer melhor o papel das mulheres na história do nosso continente. E o melhor: isso induzirá a um maior respeito pelas mulheres do nosso cotidiano.

Então, dirigentes da Conmebol, em nome dos estudantes que querem aprender mais sobre participação das mulheres na nossa história, mudem o nome da competição. Passemos a chamar a disputa feminina de “Copa das Libertadoras”.

A todos eu desejo bons estudos.

* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.

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