Esta é uma das funções da Imprensa: fiscalizar as ações do poder público; em suas inações, o que é muito comum. Basta que se acompanhe a sujeira de ruas nas cidades, a intolerância flagrante, a violência crescente, o desrespeito ao patrimônio histórico ou aos monumentos recém-implantados. Uma tristeza de doer.
Por esta coluna, há cerca de dois anos, tecemos elogios à assinatura e ao contrato para construção de uma grande ponte sobre o Rio São Francisco, entre os municípios de Pintópolis e São Francisco, com 1.130 metros de comprimento, de vital importância para toda aquela região, cenário das aventuras de Antônio Dó, personagem do escritor Petrônio Braz, prefeito de várias cidades e conceituado advogado.
Passada a Páscoa, lendo as mesmas folhas, verifico que as obras da ponte estão interrompidas desde a primeira metade de 2023, pois cancelado o contrato com a firma, quando apenas 20% foram concluídas. Uma lástima.
Seriam empregados na construção 11,1 milhões, o que dá uma ideia de sua grandeza e do que ela representaria para toda a área de sua influência, cuja população terá de voltar a fazer a travessia nas lentas balsas de anteriormente, retardando o transporte entre as margens do rio da unidade nacional.
O DER-MG informa que vai abrir licitação para a finalização, mas até que as providências legais sejam concluídas mais tempo será consumido e não há previsão para retomada da construção.
O prefeito de Francisco Sá, Levy Lopes, diz que a interrupção das obras "desacelera o progresso do município". O secretário-executivo e coordenador da Defesa Civil de Pintópolis, Nilson Pereira Ruas, lamenta que os moradores, incluindo os pequenos produtores rurais, tenham de pagar a conta do atraso.
Segundo ele, sem a ponte, tudo fica mais difícil. "Temos problemas diariamente para a travessia de balsa. Às vezes, as pessoas precisam esperar até três horas para cruzar o rio". Aquele expressivo território de Minas Gerais pode perfeitamente adquirir maior importância e muito beneficiar o estado e os que o habitam. Quem lê a história da região conhece as dificuldades e os desafios que ela tem enfrentado desde os anos 1.500. É isto mesmo. Aquele pedaço do chão mineiro é sobremodo valioso em termos de história, teremos de esperar mais, no entanto.