Nutrição sem terrorismos: desmistificando mitos e promovendo escolhas conscientes

08/02/2024 às 06:00.
Atualizado em 08/02/2024 às 20:21

Natália de Carvalho Teixeira*

Em um mundo onde a busca por uma alimentação saudável se tornou uma prioridade, é fundamental adotar uma abordagem equilibrada, afastando-se dos extremismos e dos “terrorismos” alimentares que permeiam a sociedade. A proposta de “nutrição sem terrorismos” surge como uma resposta sensata para promover escolhas conscientes e desmitificar conceitos que muitas vezes levam a restrições desnecessárias.

Um dos pontos cruciais a serem abordados é a demonização de certos grupos alimentares. Nos últimos anos, vimos o surgimento de dietas que excluem completamente carboidratos, gorduras ou proteínas, sob a alegação de proporcionar benefícios à saúde. No entanto, é importante compreender que cada grupo alimentar desempenha um papel específico no funcionamento do organismo.

O glúten é um exemplo frequentemente citado nesse contexto. Embora seja uma preocupação legítima para quem sofre de intolerância ao glúten, para a maioria das pessoas, eliminá-lo da dieta não traz benefícios significativos à saúde. Pelo contrário, pode resultar em carências nutricionais, uma vez que alimentos ricos em glúten, como grãos integrais, contribuem para a ingestão de fibras e nutrientes essenciais.

Outro aspecto a ser considerado é a influência da mídia e das redes sociais na formação de hábitos alimentares. A disseminação de informações muitas vezes sensacionalistas pode gerar um clima de pânico em relação a determinados alimentos, levando a escolhas impulsivas e inadequadas. É necessário cultivar um senso crítico em relação às fontes de informação, priorizando aquelas embasadas em evidências científicas.

A consulta a profissionais de saúde, como nutricionistas, desempenha um papel fundamental na construção de uma dieta equilibrada. Cada indivíduo é único, com necessidades nutricionais específicas que variam de acordo com idade, sexo, nível de atividade física e condições de saúde. Um nutricionista pode fornecer orientações personalizadas, considerando esses fatores e auxiliando na elaboração de um plano alimentar saudável e sustentável.

A educação nutricional desde a infância também é uma ferramenta valiosa na promoção de hábitos alimentares saudáveis. Ao ensinar às crianças sobre a importância de uma alimentação equilibrada, criamos a base para escolhas conscientes ao longo da vida. Essa abordagem preventiva pode contribuir significativamente para a redução de problemas de saúde relacionados à alimentação.


A proposta de “nutrição sem terrorismos” busca reconhecer a importância da variedade alimentar, desmistificar mitos e promover escolhas conscientes. Ao abandonar extremismos e adotar uma abordagem realista baseada em evidências, podemos construir uma relação saudável com a comida, garantindo que a busca por uma alimentação equilibrada seja uma jornada sustentável ao longo do tempo. É hora de deixar de lado os medos alimentares e abraçar uma visão mais ampla e informada sobre nutrição.

* Professora, nutricionista, doutora em Ciência de Alimentos, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Kennedy

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