Entrevista: 'santa' da arrumação, Micaela Góes, do GNT, dá dicas para por ordem na casa

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
04/07/2017 às 16:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:22
 (Alexandre Campbell/Divulgação)

(Alexandre Campbell/Divulgação)

Ela descobriu naturalmente que era expert em organizar e se tornou uma verdadeira bambambã quando o assunto é colocar ordem na casa. Apresentadora de um dos programas mais populares do GNT, o Santa Ajuda, a consultora em organização Micaela Góes compartilhou com o Hoje em Dia truques que acumulou nos dez anos de “nova” profissão (ela “nasceu” atriz). 

Escolher os móveis certos, explorar com precisão o potencial e objetivo de cada ambiente, guardar só o que é necessário, descartando (ou doando) o que não se usa mais, e manter uma rotina de organização são só alguns dos macetes para tornar a vida mais leve. No livro recém-lançado – “Santa Ajuda”– , a autodidata divide ainda o que aprendeu com a avó, Risoleta, integrante da nova temporada do programa de TV.

Você “nasceu” atriz, mas se descobriu uma exímia organizadora. Como isso aconteceu? Sempre teve o dom de organizar ou fez cursos para aprimorar? 
Tudo ocorreu de forma muito natural. Eu não percebia que o meu talento para organização era um dom diferente porque na minha casa tudo sempre funcionou de modo organizado. Para ser atriz, estudei, formei, fiz cursos e faculdade. Já para me tornar uma organizadora, tudo aconteceu espontaneamente. 

Você se considera uma personal organizer ou tem pretensão de se tornar uma e atuar não somente no programa?
Gosto mais do termo consultora em organização porque gosto da ideia de que eu vou ensinar a pessoa a pescar e não a lhe dar o peixe. Acho que um personal organizer corre o risco de tornar seu cliente dependente. Defendo a ideia de que o trabalho será mais consistente se a pessoa aprender a usar os mecanismos disponíveis para então organizar melhor, por si, seu próprio espaço.Divulgação

Para apresentadora, “organização é prática e pensamento funcional”

No programa, além de falar sobre a organização em si, você aborda os benefícios disso na vida do “denunciado”, o bagunceiro, no caso. Qual o grande benefício de se manter a ordem? É sentir um certo alívio e conseguir executar as tarefas diárias com mais leveza?
Vejo a organização como aliada da rotina. Quando a vida está organizada a gente consegue ter fluidez, desperdiça menos tempo e facilita o cotidiano.

Qual o segredo para uma organização duradoura? Existe método perfeito? É melhor separar um dia por mês para dar uma geral na casa ou não se desligar nunca e usar mesmo que alguns minutos todos os dias?
O segredo é fazer a manutenção permanente. Você pode adotar hábitos de organização, como tirar do lugar e colocar de volta, providenciar o conserto do que rasgou ou quebrou, colocar os objetos em seus devidos lugares. Claro que também vai funcionar se você adotar essa prática uma vez por semana, a cada quinzena ou mensalmente. Sempre será válido fazer uma grande organização, mas considero que será um esforço em vão, uma vez que você pode fazer um pouquinho por dia e incluir esse hábito na rotina.

Você ensina a separar os itens em recipientes para doação, descarte e o que fica. Esse é o método ideal?
Desenvolvi o método do balde, utilizando cores, para fazer uma sinalização. É algo simbólico e que facilita o direcionamento. Mas realmente importante é direcionar as coisas corretamente. A triagem é o primeiro passo para qualquer processo de organização. É importante separar essas três categorias: o que vai ser mantido, doado e descartado. Desenvolvi esse método ao longo dos anos de experiência e tem funcionado muito bem.

Qual o cômodo mais “complicado” na sua opinião e que requer mais atenção?
Não existe um cômodo que seja mais bagunçado porque cada casa é uma casa e cada família tem sua dinâmica. Não posso afirmar que homens são mais bagunceiros do que mulheres, pois a organização não é uma questão de gênero, de idade ou de espaço. É, na verdade, uma questão de prática e de pensamento funcional. Essas variações do cômodo mais bagunçado ou menos bagunçado vão depender da pulsação naquela casa. Ou seja, de quem vive nela, de como os espaços são usados e isso varia de casa para casa. Não há uma fórmula geral.Neymada Furtado e Priscila Schettino/Divulgação

"A gente deve ser organizado o suficiente para a vida fluir melhor", diz Micaela


Guarda-roupa de casal é sempre um problema. Como torná-lo minimamente organizado?
Uma boa tática é determinar espaços, como: um ficará com duas portas à direita, outro, com duas à esquerda. Outra possibilidade é você colocar cabides do mesmo tipo, mas em cores diferentes. Isso facilita na manutenção da ordem.

Na cozinha, o que é excesso e necessidade? Quantos jogos de jantar e faqueiros, por exemplo, você diria que são essenciais para manter os armários em dia?
Isso também vai variar de acordo com o número de pessoas que vivem na casa, com os hábitos da família, se ela gosta de receber, se não recebe nunca ou se tem funcionários. Então, mais uma vez, a organização é muito particular, em cada casa ela será muito individualizada, levando em conta os hábitos da família. Não há fórmulas gerais, mas individuais para cada dinâmica, para cada casa e família.

Qual o limite entre organização e mania?
Na minha opinião, a gente deve ser organizado o suficiente para a vida fluir melhor. Ninguém precisa ser profissional da organização ou maníaco. Basta que seja suficiente para facilitar o dia a dia.

E a medida entre ser bagunceiro e acumulador?
Há uma linha tênue entre o bagunceiro e o acumulador. Nem todo bagunceiro é acumulador, mas quase todo acumulador é bagunceiro. O apego é um inimigo da organização. Provavelmente você tenha apego às coisas e queira manter tudo porque tem a ilusão de que um dia vai precisar de tudo que resolveu guardar. Isso é uma armadilha para a bagunça se instalar.

Ter móveis adequados é meio caminho andado para facilitar a ordenação das coisas?
O móvel adequado e pensado para cada cômodo facilita a organização e reduz a possibilidade de bagunça. É importante pensar a função que aquele cômodo e alguns ambientes terão dentro da casa. Então será mais fácil escolher os móveis. Sempre digo que a escolha da ferramenta certa é mais da metade do trabalho feito.

Que dicas você dá para quem está montando a casa ou quer repaginá-la? É preciso ter muito espaço ou o truque é aproveitar o que tem?
Pensar a função de cada cômodo é muito importante para escolher os móveis adequados. Quando você está montando a casa, tem a possibilidade de fazer do zero, como uma página em branco. Mas é possível misturar móveis novos com antigos, mantendo o que se gosta e que será útil. O principal é pensar a função do cômodo.

Como seu livro, recentemente lançado, ajuda a criar uma rotina mais organizada? Ele é uma espécie de “compilado” do programa? 
O que eu apresento no livro Santa Ajuda são ideias e propostas dinâmicas de como tornar a vida um pouco mais organizada. São sugestões de novas práticas e hábitos a serem adquiridos. É um livro despretensioso, não tenho intenção de que ele seja uma verdade absoluta, apenas estou compartilhando a experiência de uma pessoa que trabalha com organização há mais de dez anos e que já conheceu famílias e dinâmicas diferentes. Eu proponho algumas práticas que podem ser adotadas no dia a dia para que a organização faça parte da vida das pessoas de uma maneira natural. 

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por