Mudanças no vestir feminino caminham junto com avanço da história

Flávia Ivo
10/03/2019 às 06:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:54
 (Reprodução/Internet)

(Reprodução/Internet)

O que é moda para você? A resposta, em princípio, parece simples. Pode ser um conjunto de costumes ou modos de agir, uma tendência quanto ao que vestir, a cor do ano... É tudo isso, mas, verdade seja dita, a moda tem significado único para cada mulher. Além disso, por meio dela é possível entender, de forma cristalina, papéis sociais e contextos culturais e históricos.

“Temos várias referências que mostram circunstâncias em que a visão sobre ser mulher estava ali marcada no jeito de se vestir e adornar. Além disso, é bom lembrar que o lugar de mudança e de protesto sempre coube às mulheres que podiam escolher, ou seja, tinham poder aquisitivo”, destaca Luiza Oliveira, mestre em comunicação e moda e fundadora da Plural Espaço de Moda.

Na década de 1910, Coco Chanel já usava calças e era tida como uma mulher exótica. Nos anos 30, Audrey Hepburn e outras atrizes faziam propaganda com a peça na tentativa de popularizá-la

Talvez uma das maiores provas de que o tempo está refletido na vestimenta seja a entrada das calças no guarda-roupa feminino. No final do século 19, elas foram incorporadas aos uniformes das operárias, porém, ainda na década de 1930, era preciso ser muito moderna para usar calças – apesar de a estilista Coco Chanel lançar a “moda” antes dos anos 20.

“Estas peças foram uma luta do ponto de vista da conquista feminista. Antes, eram insígnia de masculinidade e as mulheres de calças eram ridicularizadas. As operárias usavam o que tinham, sem escolha. Por isso digo que o protesto estava e está condicionado a um lugar de classe”, reitera Luiza.Reprodução/Internet

Coco Chanel era tida como exótica por usar calça


Hoje

Professora do curso de moda da Universidade Fumec, a doutora em moda e comunicação Carla Mendonça lembra do lugar da moda de, historicamente, falar sobre o papel social da mulher e que, hoje, isso não é diferente.

“Atualmente, é elevado à enésima potência. A moda reflete essa discussão que estamos fazendo pelo poder feminino, com as formas de mostrar o corpo, a exemplo do movimento ‘Free the Nipple’ (libere o mamilo, na tradução livre). É uma luta por direitos iguais e não por privilégios”, afirma.

Indústria

Nascida por mãos femininas e uma das indústrias que mais emprega mulheres, a moda se mostra controversa e dominada ainda pelos homens, relatam as especialistas.

“Capas de revista colocam mulheres em uma condição aprisionada da aparência, e, nas passarelas, idem. Até que ponto as mais velhas e que não são magras estão inseridas? Do ponto de vista da indústria, a moda pode ser muito acolhedora, já que é uma das mais emprega, mas também pode ser extremamente cruel”, diz Luiza.

Para Carla Mendonça, o olhar precisa ser feminino. “A mulher está muito presente no chão de fábrica e isso poderia ser mudado. O padrão de beleza ainda é decido por homens, veja a quantidade de estilistas do sexo masculino. O nosso olhar sobre nós mesmas ainda é masculino”. 

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