A odisseia em busca da medalha dourada no futebol

Wallace Graciano - Do Portal HD
08/08/2012 às 17:07.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:17
 (CBF/Memória)

(CBF/Memória)

O futebol é apaixonante por sua falta de lógica. Em sua história, grandes seleções ficaram marcadas não pelos feitos heroicos, mas por suas derrotas em meio a espetáculos apresentados nos gramados em que pisavam, como a Hungria de 1954 e o Brasil de 1982. Um dos mais expoentes dessa distorção é a ausência de medalhas de ouro olímpicas na galeria de títulos da Seleção Canarinho e da Alemanha, que juntas somam oito conquistas na Copa do Mundo. Ainda que sejam duas das maiores forças do esporte bretão, os países figuram como meros figurantes na galeria de campeões dos Jogos Olímpicos. Felizmente, ou não, esse tabu pode sofrer uma pequena alteração neste sábado, a partir das 11 horas. Basta o Brasil comprovar seu favoritismo e superar o México, na grama sagrada de Wembley. O problema é que até hoje não conseguimos tal feito. Oportunidades não faltaram.

Até 1980, o futebol nas olimpíadas era disputado por equipes amadoras a mando do COI. Com isso, nossos melhores atletas não tinham a oportunidade de disputar a festa máxima do esporte . Quando viajavam para o torneio, eram ultrapassados por “falsos amadores” de países da cortina de ferro, como ficou conhecida a Europa Socialista Oriental. Não por acaso, desde o início da Guerra Fria, somente a Suécia havia superado os comunistas, em Londres, 1948. Irritados com tamanha desigualdade, COI e FIFA estabeleceram que estariam livres para disputar os Jogos os atletas profissionais, desde que não participassem de uma Copa do Mundo anterior a partir de Los Angeles, em 1984 (a regra seria mudada oito anos depois). Assim, a história brasileira no torneio começou a mudar.

Selecionado Internacional em 1984

Com sede de trazer a primeira medalha ao Brasil, foi montada uma grande seleção visando os Jogos. O problema é que vários clubes resolveram boicotar a convocação. Sem grandes opções, colocaram a camisa verde e amarela no elenco do Internacional, de Porto Alegre,  e somaram à lista alguns jogadores de outras equipes tupiniquins.

O Brasil/Internacional até que não fez feio. Com nomes como Mauro Galvão, Luís Carlos Winck, Ademir e Gilmar Rinaldi, a Seleção passou por Alemanha Ocidental, Marrocos, Arábia Saudita, Canadá e Itália. Na grande final, sofreu dois gols da França nos vinte primeiros minutos da etapa derradeira e ficou com a prata.

Precursores do Tetra

Em Seul, 1988, o Brasil chegou com uma forte Seleção em busca do sonho do ouro. Luís Carlos Winck e Ademir eram remanescentes da equipe que faturara a prata quatro anos antes. O time contava ainda com Taffarel, Mazinho, Bebeto, Jorginho e Romário, que faturariam o tetra Mundial em 1994. Com misto de experiência e juventude, o escrete canarinho foi ultrapassando os rivais, mas novamente morreu na praia. Na final contra a União Soviética, o talento do “Baixinho”, artilheiro do torneio, com sete tentos, não foi capaz de dar a medalha dourada ao país, que foi derrotado na prorrogação pelos soviéticos, por 2 a 1.

Zebras e fracassos

Depois das duas pratas consecutivas, o Brasil nunca mais voltou a brilhar nos torneios olímpicos. Ficou de fora dos Jogos de Barcelona, em 1992, e Atenas, em 2004. Em Atlanta, 1996, Ronaldo, Rivaldo, Dida, Bebeto e Sávio esbarraram na Nigéria, de Kanu, ainda nas semifinais. O bronze foi consolação, assim como em 2008, quando Ronaldinho Gaúcho foi o protagonista de uma Seleção apagada. Nas Olimpíadas de Sidney, em 2000, o mesmo Ronaldinho fracassou em um time que foi eliminado ainda nas quartas de finais por Camarões, que viriam a ser campeões do torneio. O detalhe daquele jogo é que a equipe comandada por Wanderlei Luxemburgo foi superada mesmo atuando com dois jogadores a mais. 

 

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