(Valter Campanato)
SÃO PAULO - O prefeito Fernando Haddad (PT) criticou a operação da Polícia Civil na tarde desta quinta-feira (23) no centro da cidade, na região conhecida como Cracolândia. Durante entrevista chamada às pressas horas depois do confronto entre policiais e usuários de drogas, Haddad reagiu: foi "lamentável". Na entrevista, ele estava acompanhado do secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto, que estava na Cracolândia na hora da confusão. Durante a operação, ao menos três pessoas foram feridas por balas de borracha, entre elas uma criança. Em nota, a prefeitura afirmou que "repudia esse tipo de intervenção, que fez uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma multidão formada por trabalhadores, agentes públicos de saúde e assistência e pessoas em situação de rua, miséria, exclusão social e grave dependência química". Segundo a reportagem apurou, policiais civis chegaram ao local por volta das 15 horas, em carros e com roupas civis, e fizeram a prisão de um rapaz. Um grupo protestou contra a prisão e atirou pedras e pedaços de pau contra os policiais, quebrando os vidros do veículo usado pelos policiais. Cerca de 30 minutos depois, aproximadamente dez carros da Polícia Civil cercaram o local. Foram fechados dois quarteirões da alameda Barão de Piracicaba e os policias usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Informações preliminares apontam ao menos quatro pessoas foram detidas. O confronto durou cerca de 20 minutos. Após a saída dos policiais civis, o clima permanecia tenso entre os usuários de droga e moradores da região. Tanto a prefeitura quanto a Polícia Militar afirmaram que não sabiam da operação da Polícia Civil. Em nota, divulgada na noite desta quinta-feira, a prefeitura aponta que foi surpreendida pela ação policial repressiva. A Cracolândia tem sido alvo de uma operação da prefeitura de ressocialização de usuários de drogas. A gestão Fernando Haddad (PT) está pagando R$ 15 por dia a cerca de 400 usuários da região em troca de trabalho em serviços de zeladoria, como varrição de parques da cidade. O pagamento é feito com base no dia trabalhado, não por valor fechado no final do mês. Assim, caso a carga horária do dia não for cumprida, ele não recebe. Hotéis da região também estão sendo cadastrados pela prefeitura para abrigar usuários de droga. Na semana passada, Haddad disse que a região estava ocupada pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) e pela Polícia Militar, e que todos estão orientados a não promover uma "política higienista" no local.