'Frustração e tristeza são grandes', desabafa Marcio Lacerda

Amália Goulart
amaliagoulart@hojeemdia.com.br
24/08/2018 às 18:29.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:06
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)


Ex-prefeito de Belo Horizonte, terceiro colocado em pesquisas de intenção de voto para o Governo de Minas, mas, agora, sem partido e sem palanque. Marcio Lacerda diz estar triste, frustrado e classifica o momento por que passa até mesmo como depressivo. Por isso, não sabe se quer continuar na política. Porém, fará campanha para Adalclever Lopes (MDB) e para deputados da coligação. Em entrevista ao Hoje em Dia, conta os bastidores do que ocorreu no ex-partido, o PSB. E conta ainda sobre mágoas e o futuro. 

O que aconteceu no dia 31 de julho, afinal?
Eu não sei. Tem versões. Por volta desse finalzinho de julho, uma liderança de um partido esteve conversando com Fernando Pimentel, tinham várias pessoas nessa reunião e ele teria dito que estava viajando para ir a São Paulo falar com Marcio França (candidato a governador pelo PSB em São Paulo) que ia pregar o último prego no caixão da minha candidatura. Depois teria havido uma reunião em Brasília, esse finalzinho de julho...Gleisi Hoffman e Fernando Pimentel com Carlos Siqueira (presidente do PSB). E que, a partir dessa reunião, ele (Siqueira) assumiu a posição que assumiu...de retirar nossa candidatura aqui. Na manhã do dia 1º teve uma reunião lá (Recife), ele com os vice-presidentes e o secretário-geral. Então, não sei. Realmente tem uma versão de alguém que escutou a conversa...

O senhor ficou ressentido com Pimentel?
Não. Acho que ele fez o papel dele. É adversário, né? Ofereceu o cargo de senador na coligação dele, eu não aceitei. Acho que ele desempenhou o papel dele de adversário. Eu venho há um ano e meio criticando a gestão dele. Agora, acho que meu partido é que agiu feio. 

O senhor considera o papel dele ético na política?
Acho normal na disputa política alguém querer retirar um adversário da disputa. Acho que é normal. Agora, meu partido ter aceitado esse jogo para beneficiar um candidato a governador conterrâneo do meu presidente (Pernambuco)...ele inclusive me disse, num entrevero que tivemos por telefone naqueles dias, ele estava bem exaltado, talvez sob pressão, que não queria ser acusado no futuro por ser responsável pela derrota do Paulo Câmara em Pernambuco. 

Mas derrotou por aqui...
Foi o preço que ele acha que tinha que pagar.

O senhor era terceiro colocado nas pesquisas, em muitas delas em empate técnico com Pimentel. Então, conseguiu um recall político muito grande. Não concorrendo agora, que mensagem deixa a esse eleitor que pretendia votar no senhor?

Minha mensagem foi a de renovação, de uma terceira via capaz de propor um pacto pela retomada do crescimento em Minas, por uma gestão mais eficiente. Trabalhei no sentido de vender essa alternativa. Então, a frustração e a tristeza são muito grandes. Não só minha, mas de todas as pessoas com quem tenho conversado. É uma depressão, de fato, muito grande. Naturalmente, tanto PT quanto PSDB, não me atacando diretamente, mas trabalhando nos bastidores, através de bons advogados, etc, para que a tese da direção nacional, que poderia intervir (no diretório local) seja vitoriosa. Então, nós sentimos uma certa mudança no clima jurídico desde o início da questão até o início desta semana. Estávamos otimistas e vimos que ia ficando cada dia mais difícil. Fizemos uma pesquisa...o PDT...que mostra que os outros cresceram. Pela máquina política, pelo início de fato de uma campanha, apoio de Lula, Pimentel, etc. Por que isso? Porque as pessoas começaram a perguntar: mas o Marcio é candidato mesmo? Vão deixar o Marcio ser candidato? E então essa expansão, dessa rede de apoiamento, de eleitores, começou a ser prejudicada pela indefinição política. Ao mesmo tempo, uma pressão muito grande na chapa de deputados. Tem outros aspectos também: a questão do custo de campanha. Ia gastar uns R$ 10 milhões. Imaginei: consigo R$ 5 milhões aqui, eu banco esse valor, e vem R$ 5 milhões do fundo eleitoral. Você vê o outro lado do estresse. Entramos com liminar no TRE pedindo o bloqueio desse valor até que a situação ficasse clara e não tivemos resposta. Ou seja, o TRE transferindo para o registro de candidatura. Enquanto isso, o dinheiro caiu todo lá no caixa do partido e a Executiva tinha delegado ao presidente a arbitragem dos valores. Ou seja, enorme insegurança financeira também.


O senhor apoiaria o Pimentel ou Anastasia em um segundo turno?
A partir do momento em que nós nos reunimos, os partidos, dia 5, eu disse que não podia segurar os partidos por muito tempo dentro de uma insegurança jurídica. E disse a eles que em algum momento eu poderia ter que sair e colocar alguém no meu lugar. Mas mantendo o compromisso de eu, sem o PSB, continuar apoiando esse grupo. Foi o que fiz. Apoio Adalclever. Essa candidatura pode ir para um segundo turno. Se não for, a decisão de apoiar A ou B será tomada em grupo. 

Imagino que a carreira política do senhor não tenha terminado...
Se eu tivesse que tomar uma decisão hoje, seria uma contaminada pelo mal-estar. Diria a você: não me candidato a mais nada, não quero cargo público. Então, acho que é dar tempo ao tempo. 

O senhor pretende se filiar a algum partido? Sei que o PDT o convidou...
Já tinham convidado antes mesmo, no início do ano passado. Mas eu tinha confiança no PSB.

Vai se filiar a algum partido agora?
Não. Vamos dar tempo ao tempo. 

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