Novos ares na Câmara: levantamento aponta que 6 a cada 10 vereadores de BH podem ser substituídos

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
08/11/2020 às 14:48.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:59
 (Wesley Rodrigues / HD)

(Wesley Rodrigues / HD)

Projeção feita pelo Hoje em Dia mostra que a Câmara Municipal de Belo Horizonte deve ter uma renovação de até 60% este ano[/TEXTO]. Em 2016, o índice final foi de 56%. O cálculo, feito na semana passada, se baseou em pesquisas internas de cada legenda que disputa vagas no Legislativo. A reportagem teve acesso aos nomes de candidatos com mais chances, segundo os partidos, ordenados por quantidades estimadas de votos. Quem busca a reeleição e não apareceu nas listas de possíveis eleitos foi dado como derrotado.

Tal estimativa ganha especial interesse na medida em que a atual legislatura foi marcada por alguns eventos negativos, como brigas em plenário, cassações – duas, pela primeira vez na história – e acirrados embates ideológicos, como no caso da “escola sem partido”. De acordo com o levantamento, que considerou ainda as expectativas dos partidos e entrevistas com analistas políticos, menos da metade (19) dos 41 vereadores deve ser reeleita. Das outras 22 vagas, 18 devem ser ocupadas por novatos. Já a representação feminina deve mais que dobrar: as vereadoras podem saltar de quatro para nove. Além disso, há possibilidade de a capital eleger pela primeira vez uma parlamentar trans.

O número de partidos na CMBH deve subir de 19 para 21. O PSD, do prefeito Kalil, pode continuar a ter a maior bancada, mas especula-se que diminua em mais da metade o número de vereadores, passando de 13 para seis. A projeção é diferente da feita pela legenda, que espera oito cadeiras. O Avante, que conta com dois parlamentares, deve dobrar e chegar a 4; embora os líderes da sigla esperem cinco. 

O Novo, que espera cinco vagas, chegaria a duas. A expectativa do Patriota, que tem um vereador, é chegar a dois, o que é endossado pelos especialistas ouvidos pela reportagem. 

PMN e PDT, que atualmente não têm vereadores, elegeriam dois, cada. Rede, PP e Solidariedade conseguiriam um parlamentar cada após ficarem de fora da atual legislatura. As projeções internas do Solidariedade, contudo, são de fazer três vereadores, enquanto Rede e PP apostam em dois cada. 

Alguns partidos devem continuar com o mesmo número de parlamentares: Cidadania, com três, embora o partido queira eleger cinco; PSOL e PT – com dois cada (os psolistas projetam seis e os petistas, três); PSDB, com uma vaga em vez das quatro pretendidas; PCdoB, com um vereador contra dois projetados; PSL e Republicanos, que têm um vereador e esperam dobrar. O DEM cair deve cair de duas para uma cadeira. Outras legendas tradicionais, como MDB e PSB, podem ficar de fora.

Configuração partidária ameaça gerar entraves para que prefeito forme base sólida de apoio 

Confirmadas as projeções, especialistas acreditam que a nova CMBH deve trazer dificuldades ao novo prefeito para formar uma base de governo sólida. Segundo eles, embora a expectativa fosse pela diminuição da representação partidária após o fim das coligações, os dirigentes políticos buscaram alternativas para dar uma nova tônica ao sistema. 

“Os políticos com maior peso eleitoral buscaram um partido para chamar de seu e isso vai, consequentemente, acabar inflando o número de legendas”, destaca Felipe Nunes, cientista político da UFMG.

Para o cientista político Adriano Cerqueira, da UFOP, a esperada grande abstenção de votos para vereador deve provocar a chegada nomes novos, sem a experiência nas negociações ao parlamento. 

“O novo prefeito terá que ter disposição para negociar com cada um para conseguir formar uma base que, ao meu ver, não será sólida no começo”, destaca.
Nunes acredita que o caráter ideológico dos vereadores deve permanecer, pelo aumento da representação feminina, da possível chegada de uma representante do movimento LGBT em contrapartida da manutenção de uma considerável bancada evangélica. 

“O parlamento virou o lugar dos extremos. As pessoas estão votando com as suas pautas identitárias e não com os problemas da cidade. As discussões sobre as questões de gênero vão ganhar ainda mais força, não há como negar. Não vejo panorama para mudança de um forte viés ideológico”, enfatiza o cientista político.

  

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