Em nova polêmica, Damaris Alves diz em vídeo que 'gays querem recolher bíblias do Brasil'

Daniele Franco
15/01/2019 às 20:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:03
 (Reprodução/Youtube)

(Reprodução/Youtube)

Damaris Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo de Jair Bolsonaro (PSL), teve mais uma de suas falas viralizadas nesta terça-feira (15), desta vez por um vídeo publicado em 2014 no qual ela afirma que "o movimento gay quer tirar a bíblia de circulação".

Segundo ela, o recolhimento do material religioso se daria através da sanção do projeto de Lei 6418/2005, no qual estaria determinado o recolhimento da literatura homofóbica antes do inquérito policial. Para justificar onde a bíblia se encaixa no contexto, ela cita o Manual de Comunicação LGBT, que traria palavras consideradas homofóbicas pelo movimento. "O movimento gay andou falando por aí que as duas palavras mais homofóbicas no Brasil são 'sodomita' e 'afeminado', e onde estão essas palavras? Na bíblia. Se eles têm um manual LGBT de comunicação e já classificaram as palavras mais homofóbicas, eles, com certeza, se esse projeto passar, vão tentar recolher as bíblia no Brasil. Não estou exagerando", protestou. Apesar da fala da ministra, não há dentro do manual menção às palavras citadas por ela.

O trecho polêmico foi retirado de um vídeo de 18 minutos no qual a pastora discorre sobre os meios que o Movimento LGBT busca garantir privilégios através do que ela classifica como "poder de influenciar". Intitulado "Criminalização da Homofobia - Pra. Damares Alves (Parte 4)", o vídeo ainda traz outras falas polêmicas. 

Confira a íntegra da gravação:

No início do vídeo, a pastora chama a atenção para o que ela considera a diferença entre o homossexual e o "Movimento Gay": "Cuidado com a diferença entre o homossexual e o movimento gay. O homossexual é um ser humano que precisa ser amado, deve ser amado, protegido. (...) Falam que os religiosos são homofóbicos, mas não tem um crente, um evangélico preso por matar um homossexual. Quem há anos está na rua acolhendo os homossexuais nessa nação são as igrejas evangélicas. Quem acolhe o homossexual pobre é a igreja evangélica. A igreja evangélica não é homofóbica. Mas o movimento gay é diferente do homossexual, é um movimento ideológico, partidário e político (...) e eles agora declararam uma guerra contra a igreja evangélica", afirma.

De acordo com Damaris, um dos planos do movimento LGBT para conseguir privilégios está descrito no Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT. A ministra afirma no vídeo que, no plano, o movimento pede cotas em universidades, asilos especiais para LGBT e "presídios separados para travestis". O material, no entanto, não cita a reserva de vagas no ensino superior e menciona a qualificação da atenção básica para idosos LGBT, "dando continuidade ao processo de implantação e implementação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa e a atenção domiciliar humanizada, em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa."

No mesmo vídeo, Damaris cita ainda as Agendas Transversais de 2012 (link para download do documento), que, na meta 933, falam sobre a formação de 140 mil profissionais da rede pública de educação nas temáticas de gênero, relações étnico-raciais e orientação sexual por meio do Programa Gênero e Diversidade na Escola. Para a atual ministra, o Movimento LGBT seria responsável pela formação dos profissionais. Entretanto, não há no documento atribuição de responsabilidades pelos cumprimentos da meta. 

Nos comentários da postagem original, no Youtube, chovem críticas à nova ministra. Os mais recentes foram feitos há duas semanas, segundo indica a plataforma. Em um deles, uma usuária classifica Damaris como "A cara do retrocesso e da desinformação". Outra contradiz a ministra e diz que ela está exagerando: "fui evangélica 28 anos e os evangélicos odeiam homossexual inclusive o [Silas] Malafaia ele simplesmente incita a ira contra os homossexuais!!!!". Por outro lado, há também reações de defesa à fala de Damaris. Uma delas é de uma mulher que se diz travesti e concorda com o que foi dito. "Eu sou travesti e falo mal de muitos gays que não são exemplo p ninguém então eu deveria ser presa por racismo? Na minha opinião preso só se vc agredir alguém por ser gay" (sic).

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