Sem respostas sobre 13º, policiais fecham Detran da Gameleira novamente

Daniele Franco
17/12/2018 às 11:17.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:36
 (Divulgação/Aline Risi)

(Divulgação/Aline Risi)

Um novo protesto de servidores da Polícia Civil de Minas Gerais interrompeu os serviços do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) na manhã desta segunda-feira (17). Esta foi a segunda mobilização dos agentes, que protestam contra a escala de pagamento do governo do Estado e a falta de informações sobre o 13º salário. A primeira foi no dia 10 de dezembro.

A unidade do Detran que teve serviços interrompidos é a da Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte, onde são feitos serviços de registro de automóveis. A ocupação é resultado de um edital conjunto publicado por vários sindicatos que representam a categoria. 

Aline Risi, diretora do Sindicato dos Escrivães de Polícia de Minas Gerais (Sindep-MG) e da Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis, contou que as três portarias do local foram fechadas e houve filas de pessoas que iriam realizar algum serviço nesta segunda-feira. "Chegamos por volta das 8h com nosso carro de som e estamos nos mobilizando aqui até que tenhamos um posicionamento do governo sobre nossos salários. A intenção é fechar uma unidade policial a cada dia até que cheguem respostas", detalhou.

A sindicalista ainda afirmou que a impressão dos servidores é de que o governo está enrolando os funcionários. "Na semana passada foi prometido que teríamos uma posição sobre o 13º na sexta (14), mas agora remarcaram para quarta e podem muito bem adiar de novo". De acordo com Aline, ainda haveria um rumor entre os servidores de que o 13º seria parcelado em seis vezes.

Dentro do Detran-MG, os funcionários administrativos também paralisaram e participam da mobilização prevista pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais (Sindpúblicos-MG), cuja base abarca servidores administrativos de todas as áreas do funcionalismo estadual. O Sindpúblicos-MG como um todo deve paralisar os demais servidores a partir de terça-feira (18), segundo o diretor político do sindicato, Geraldo Henrique.

A Polícia Civil e o Detran-MG se posicionaram afirmando que "respeitam os direitos de seus servidores e já estão tomando as medidas cabíveis para que o atendimento aos cidadãos mineiros não seja prejudicado". 

Cerca de quatro horas após o início do protesto, os servidores voltaram ao trabalho e o Detran retornou o atendimento.

Outro lado

Carlos Calazans, chefe de relações trabalhistas e sindicais do Governo de Minas Gerais, é quem vem negociando diretamente com os sindicatos e tem a presença aguardada pelos policiais mobilizados em frente ao Detran. Segundo ele, a promessa feita na última paralisação foi cumprida. "Prometi que conseguiria o pagamento de mais R$ 2 mil antes do Natal e consegui, todos vão receber na sexta-feira (21)", disse se referindo aos profissionais da segurança pública e das emergências, hospitais e Hemominas. "O esforço, agora, é para conseguir essa parcela também para o restante do funcionalismo. É provável que eu vá até lá para atender a demanda e não prejudicar a população, mas não terei nada novo para oferecer", afirmou.

Sobre o 13º, Calazans reiterou que só terá um posicionamento oficial na quarta-feira (19), para quando está marcada uma reunião entre autoridades do Estado e lideranças sindicais para decidir sobre o assunto. "As equipes técnicas estão fazendo todo o esforço para acompanhar o fluxo de caixa e trazer respostas sobre o abono, que nós sabemos ser um direito de todos que trabalharam durante o ano todo, se esforçaram e merecem esse dinheiro". Quanto ao rumor sobre o parcelamento em seis vezes, o assessor afirmou que se trata apenas de especulação, uma vez que os recursos para o pagamento ainda estão sendo buscados.

Adiamento

Marcada para a última sexta-feira (14), a reunião que traria respostas aos servidores sobre o pagamento do 13º salário foi adiada e remarcada para a próxima quarta-feira (19). A justificativa do governo foi a falta de definições acerca do fluxo de caixa do Tesouro Estadual.

Após o adiamento, várias forças sindicais se manifestaram e anunciaram ações para cobrar o pagamento dos vencimentos. O Sindpúblicos-MG foi um dos que anunciou a possibilidade de paralisação. Segundo Geraldo Henrique, diretor político do sindicato, setores como Educação, Segurança e secretarias devem ser afetados pela greve dos funcionários administrativos, cuja previsão de início é para esta terça-feira (18). 

Outro sindicato que se posicionou contrário ao adiamento foi o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol). Zé Maria de Paula, presidente da organização, afirmou que já esperava a atitude e se preocupa com a transição entre os governos. "O governo está brincando conosco, estamos de olho nisso, tinha o compromisso de pagar o salário em duas vezes, agora parcelou em três. Imagina se chega dia 28 e ele não paga a terceira parcela, dia 2 ele também não paga porque já será outro governo", protestou.

Entre os policiais militares, o sentimento também é de revolta. Nas palavras do sargento Marco Antônio Bahia Silva, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), "mais uma vez nossa categoria está frustrada com o governo que insiste em parcelar o nosso salário e mais uma vez adia o anúncio sobre o 13º. Criamos uma expectativa muito grande sobre esse anúncio e agora a tropa está em polvorosa". O líder da associação, entretanto, disse que não há nenhum movimento para paralisação dos serviços. "Vamos continuar trabalhando na esperança de que o governo resolva essa situação para que continuemos servindo o povo mineiro".

Protesto 1º BPMMG

Cerca de dez mulheres de policiais militares bloquearam a entrada do Primeiro Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, no bairro Santa Efigênia, região Centro-Sul de Belo Horizonte nesta segunda-feira (17). O protesto também é contra a falta de informação do Governo do  Estado em relação ao pagamento do décimo terceiro e também contra o parcelamento de salários.

Segundo informações da Aspra, a manifestação não atrapalhou a rotina do quartel. "O policiamento foi distribuído normalmente, as viaturas não são abstecidas no local e o trabalho dos policiais não foi alterado", informou o presidente.

Ainda segundo Silva, a categoria acredita que a situação se resolva até a próxima quarta-feira (19). "Durante a reunião agendada para o dia 19 de dezembro o Governo deve resolver a situação para que o cotidiano do trabalho da PM não seja afetado", concluiu Silva.

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) informou que a manifestação é legítima e que não houve prejuízos para o serviço operacional.

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