Não é apenas na busca por uma vacina eficaz contra o novo coronavírus que centros de pesquisa e universidades em todo o planeta se empenham. Tão logo ficou clara a dimensão da pandemia e seus desdobramentos, teve início, de forma inédita, uma mobilização para ajudar a enfrentar a emergência sanitária de forma adequada, pensando, inclusive, em eventuais gargalos decorrentes da realidade dos vários países impactados. E nos desafios surgidos com a chegada da Covid-19. O que levou ao desenvolvimento de sistemas de higienização e monitoramento; de tecidos com propriedades antivirais e outros dispositivos de proteção, entre outros resultados relevantes.
Uma iniciativa empreendida pelo Instituto de Ciências Biológicas da UFMG poderá trazer grande colaboração ao esforço de guerra com a criação de um exame alternativo de diagnóstico tão eficaz quanto o RT-PCR e, além disso, mais acessível e de simples análise. Por meio do uso de uma solução que, em contato com o vírus emite luz captada pela tela de escaneamento de um celular, talvez seja possível chegar a um resultado confiável em não mais do que 20 minutos. Com a possibilidade de inclusão dos dados coletados num sistema de monitoramento que pode ajudar a traçar o panorama da doença numa determinada região.
Trata-se de um dos vários exemplos do que é possível fazer quando se incentiva a pesquisa e a educação de qualidade, seja na rede pública, seja em instituições privadas. Ainda que muitas vezes sem as condições ideais ou com equipamentos de última geração, consegue-se oferecer respostas práticas às demandas urgentes da sociedade, tanto mais importantes agora, quando se pensa na possibilidade e na urgência de salvar vidas humanas.
Valendo-se do potencial de inteligência presente na academia, com o devido incentivo e suporte, é possível fazer muito mais. A pandemia apenas explicita a relevância de uma atividade que já gerava inúmeros avanços nas mais variadas áreas do conhecimento. Material que não pode ser apenas conteúdo de livros e relatórios, mas deve ser aproveitado na solução de problemas e carências, como importante aliado nas políticas públicas. Com a vantagem nada desprezível de propor alternativas mais acessíveis e democráticas. E que mostra como, diferentemente de opiniões estapafúrdias a respeito, o que há na academia é competência e disposição a ajudar, não baderna.